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TEATRO
Peça do americano Eric Bogosian é lida hoje em ciclo da Folha e dirigida por Francisco Medeiros, um dos tradutores
"SubUrbia" quer retratar juventude sem retoques
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
São sete americanos, com 20 e poucos anos, que bebem cerveja, comem pizza, curtem
música pop, gostam de sexo ("oh, yeah!") e, entre
um baseado e outro, especulam
sobre o que esperam (ou não) de
suas vidas.
Eis um breve recorte de "SubUrbia" (94), a peça do ator e dramaturgo americano Eric Bogosian, atração de hoje no ciclo "Leituras de Teatro" promovido pela
Folha em seu auditório.
Bogosian é um dos autores contemporâneos mais prestigiados
no circuito "off off" dos Estados
Unidos, apesar de ter conquistado a "fama" a partir da adaptação
de outra peça sua para o cinema,
"Talk Radio" (88, filme dirigido
por Oliver Stone; "SubUrbia"
também chegaria às telas em 96,
por Richard Linklater).
No Brasil, a adaptação da peça é
assinada por seis mãos e envolve
o escritor Marcelo Rubens Paiva,
a atriz Rosana Seligmann e o diretor Francisco Medeiros.
O diretor adquiriu os direitos do
texto em 94, quando viu a primeira montagem do espetáculo no
Lincoln Center Theater, em Nova
York. Mas só agora conseguiu
viabilizar a produção, estimulado
por Rosana e pelo ator Beto Magnani.
"Bogosian faz uma autocrítica
impiedosa da sociedade americana, apresenta o tédio da juventude contemporânea com uma dimensão humana que lembra
Tchecov", diz Medeiros, 52, referindo-se ao dramaturgo russo
Anton Tchecov ("O Jardim das
Laranjeiras", "As Três Irmãs").
Medeiros também destaca o elemento de suspense que Bogosian
injeta em seu texto, esculpido pelo
ódio disseminado por um dos
personagens, Tim, o mais desiludido, que dispara sua metralhadora verbal sem concessão.
Os sete jovens de "SubUrbia"
elegem como território ("casa")
comum o estacionamento de
uma loja de conveniência, dessas
como a 7 Eleven, num subúrbio
qualquer dos Estados Unidos.
Juntam-se a eles um velho amigo cantor de rock, o único que, em
tese, "vingou na vida". Em tese.
Entre as reminiscências e projeções (uma garota quer estudar artes cênicas em Nova York, outro
rapaz quer produzir seu primeiro
vídeo), eles compartilham afetos e
desafetos. Ora entre si, ora com os
donos da loja, dois irmãos imigrantes paquistaneses (um rapaz
e uma garota), vítimas e algozes
do preconceito racial.
"O mais curioso é que tudo se
passa no país mais rico do mundo, que dá mais liberdade às pessoas, para onde todo imigrante
quer ir", afirma o escritor Marcelo
Rubens Paiva, 41.
Apesar da perspectiva americana do texto, Rosana Seligmann,
31, afirma que o conteúdo da peça
é universal, para além do tripé sexo, drogas e rock'n'roll. "Quando
li, achei que tinha a ver comigo,
com a minha geração. Todo mundo quer fazer arte, mas não sabe o
que quer dizer com sua arte."
Rosana também participa hoje
da leitura da peça, ao lado de Karina Barum, Beto Magnani, Marcos Damigo, Luciano Gatti, Rita
Martins, Barbara Paz, André Custódio e Júlio Pompeu. O diretor
Medeiros vai ler as rubricas.
O evento acontece às 19h30, no
auditório da Folha (al. Barão de
Limeira, 425, 9º andar, SP). A entrada é franca. Os interessados devem fazer reservas, das 14h às 17h,
pelo tel. 0/xx/11/ 3224-3473.
A montagem de "SubUrbia" estréia no Sesc Anchieta, em São
Paulo, no dia 18.
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