São Paulo, domingo, 09 de janeiro de 2011

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Brasil investe em comédias neste ano

Na fila das estreias nacionais, já há oito filmes do gênero; "De Pernas pro Ar", 1º da safra, abriu com recorde

Do juvenil "Desenrola" à estreia de Bruno Mazzeo nos cinemas, são muitas as apostas na vontade de rir dos espectadores

Divulgação
Maria Paula (esq.) e Ingrid Guimarães em "De Pernas pro Ar", de Roberto Santucci, sobre proprietárias de sex-shop

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Não foram só os produtores do filme "De Pernas pro Ar" que passaram a semana rindo à toa. O sucesso do longa-metragem, o mais visto do Brasil no primeiro final de semana do ano, deixou animados todos aqueles que decidiram apostar no gosto dos brasileiros pelo riso. E olha que não foram poucos.
Se 2010 foi o ano da tensão de "Tropa de Elite 2" e da espiritualidade de "Chico Xavier" e "Nosso Lar", 2011 se desenha como o ano do riso.
Em 2009, já tinha sido assim. Os três blockbusters nacionais com mais de 2 milhões de espectadores usaram a piada como isca: "Se Eu Fosse Você 2", "A Mulher Invisível" e "Os Normais 2".
"No cinema brasileiro recente, as comédias foram responsáveis por boa parte dos filmes que passaram de 1 milhão de ingressos", atesta José Alvarenga Jr., diretor de "Os Normais" e de "Cilada.com", protagonizado pelo humorista Bruno Mazzeo.
"Mas é natural que em alguns anos não tenhamos nada. Somos poucos os diretores de comédia, e um filme leva de dois a três anos para ser feito", completa o diretor.

MORALISMO
A produtora Mariza Leão, que estreou no gênero com "De Pernas pro Ar" -que estreou em mais de 300 salas no dia 31 de dezembro-, esticou os olhos para esse filão, curiosamente, depois de fazer um drama de ação.
"Quando fiz "Meu Nome Não É Johnny", fui às salas acompanhar as sessões e vi que o humor foi o passaporte para o sucesso", diz Leão.
Ao lado do diretor Roberto Santucci e do distribuidor Bruno Wainer, Leão levou adiante a ideia de uma comédia sobre as atarefadas mulheres do século 21.
E aí descobriu que, apesar de gostar de rir, o espectador tem algo de moralista.
"Tivemos que mudar o título e depois o pôster porque as pesquisas mostraram que o apelo da sex-shop afastava muita gente. Partimos para um tom mais família", conta.
O filme, protagonizado por Ingrid Guimarães e Maria Paula, já vendeu mais de 600 mil ingressos e comprovou, para Leão, a tese que, há algum tempo, ela martela em palestras e conversas.
"Os filmes brasileiros com maior identificação popular são as comédias ou os filmes baseados em personagens reais", diz, lembrando de títulos como "Carandiru" e "Dois Filhos de Francisco".
Bruno Wainer, da distribuidora Downtown -que, além de "De Pernas pro Ar", está por trás de "Desenrola" e "Cilada.com"-, diz que o gênero tende, inclusive, a atrair mais patrocinadores.
"Comédia é um gênero vencedor e, por isso, todo recurso gerido pelo mercado tende a olhar as comédias com bons olhos", diz.
O diretor Alain Fresnot, que lançará "Família Vende Tudo", vai além: "As comédias são um instrumento de resistência para os cinemas nacionais", diz. "Na França e na Itália também é assim."


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