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Aquino invade cinema com nova ação
DA REDAÇÃO
Primeiro vem a trama, depois
as implicações. A sinopse de "O
Invasor", novela policial de Marçal Aquino, 44 ("isso não é idade,
é calibre", diz o autor, que usa essa
ordem de procedimentos para inventar histórias), é bastante familiar. Um sujeito de classe média se
mete com a vida na rua. Sem nada
saber sobre a gramática da malandragem, acaba enfronhado em
uma teia de roubadas sucessivas
até que perde tudo sem saber nem
por que, nem para quem.
As implicações dão à história
(que poderia perfeitamente ter
um boletim de ocorrência no lugar do roteiro), um movimento
rápido, que engana os olhos e testa os instintos. A trama chega às
lojas em abril. É parte de uma série de "livros de ação", a Carpe
Diem, da Geração Editorial.
O livro ainda não tem preço
nem número de páginas definidos e vai às livrarias logo depois
de ganhar as telas no filme homônimo de Beto Brant, vencedor do
troféu de melhor filme latino-americano da edição deste ano do
festival de cinema de Sundance,
nos EUA.
Aquino não vê influência direta
do cinema em sua literatura, mas
o fato é que ela frequenta o cinema com a intimidade de histórias
que nascem roteiros. São de sua
autoria "Ação Entre Amigos" e
"Os Matadores", também filmados por Brant.
"Os Matadores", por exemplo,
nasceu para ser conto. É o último,
aliás, de uma coletânea que o autor reuniu sob o título "Miss Danúbio", publicada em 94 e vertida
à longa-metragem três anos depois.
Paulista de Amparo, Aquino
não esconde a fonte das "implicações" de suas novelas, normalmente ambientadas nas ruas de
São Paulo. O trabalho como repórter policial (no "Jornal da Tarde", entre 86 a 90) o fez entender
que a vida, às vezes, é bastante cinematográfica.
"Poucas horas em um boteco
são suficientes para se levantar
uma coleção de personagens e
ações que, colocadas em um conto, podem torná-lo até inverossímil, inviável, absurdo", diz o autor de "Amor e Outros Objetos
Pontiagudos" e "Faroestes" o primeiro, vencedor, e o segundo, indicado ao Prêmio Jabuti.
A pé
Como não tem carro (nem habilitação para dirigir), Aquino gasta
parte de seu tempo na função de
andarilho, anotando inverosimilhanças que depara pelas ruas da
cidade em que mora.
Ele não usa histórias reais, "mas
a realidade sempre está colada às
histórias." Ele costuma brincar
que não resiste à realidade (leia-se
à violência da vida urbana), assim
como Hitchcock não resistiria a
um cadáver ou dois nem mesmo
em um remake de Cinderela.
O jornalista Marçal Aquino escreve à mão. Depois passa para o
computador cortando, enxugando o texto. Nessa passada a limpo
ele chega "praticamente na versão
final".
A versão final da novela só ficou
pronta depois que o filme já estava viajando por festivais internacionais. Aquino acabou de "cortar" o texto durante o Carnaval
deste ano.
"O Invasor" começou a ser manuscrito em 97. Ficou na gaveta
até Beto Brant resolver filmá-lo.
"Foi preparando o roteiro que
consegui solucionar uma série de
problemas da novela. Para falar a
verdade, se não fosse o Beto Brant
acho que eu não acabaria de escrever a história."
A editora pretende lançar o roteiro do filme junto com a novela
durante a Bienal Internacional do
Livro, que começa no mês que
vem. Enquanto o livro aguarda o
lançamento, o autor trabalha na
edição de "Sequestro Sangrento",
de Hosmany Ramos, da mesma
coleção.
(AW)
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