São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Protestos marcam entrega do Prêmio Shell

ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Realizada na noite de anteontem, a 17ª edição do Prêmio Shell de Teatro de São Paulo, que elegeu os destaques profissionais da área de 2004, foi marcada principalmente por discursos de protesto contra o congelamento da Lei de Fomento. A lei foi mencionada por quase todos os vencedores das categorias e pelo homenageado da noite, o fundador do Teatro de Arena, José Renato.
Ao receber o prêmio de melhor cenário de 2004, o primeiro da noite, Ilo Krugli, cenógrafo de "Bodas de Sangue", declarou que "o trabalho foi montado com a Lei de Fomento". "Os políticos têm que prestar atenção naquilo que os artistas sabem, que a continuidade na vida é o risco", disse, entre aplausos.
O diretor José Renato, também discursou sobre o Fomento. Depois de brincar com Eva Wilma, que o chamou ao palco e prestou a homenagem por sua constante contribuição ao teatro, Renato falou das "mágoas" de sua trajetória teatral. "Nossos dirigentes políticos têm o maior menosprezo pelo desenvolvimento cultural do Brasil. É uma pena que programas fantásticos de apoio ao teatro, como o programa do Fomento, tenham sido relegados a segundo plano. E é um programa que servia de exemplo a todo o país."
Depois de ser interrompido por gritos e aplausos, concluiu: "Espero que futuramente a gente consiga reverter essa situação e consiga mostrar aos dirigentes desse país o valor e a importância da cultura. Uma organização como a Shell, uma entidade privada, reconhece. Por que o governo, que tem obrigação, não reconhece?", indagou.
Cibele Forjaz, diretora da Cia. Livre, foi enfática em seu discurso de agradecimento pelo prêmio da categoria especial, concedido ao grupo pelo projeto "Arena Conta Arena 50 Anos". "Se ela [a Lei de Fomento] cair, caímos todos", disse.
Newton Moreno, diretor de "Agreste" e vencedor da premiação para melhor diretor de 2004, "aproveitou" a ida ao palco para "deixar também o pedido para um olhar mais atento, cuidadoso, da Secretaria da Cultura para a Lei de Fomento".
Criado em 1989, o Prêmio Shell de Teatro é oferecido a profissionais de nove categorias: autor, diretor, ator, atriz, cenário, figurino, iluminação, música e categoria especial.
Neste ano, o júri, formado por Aimar Labaki, Kil Abreu, Maria Lúcia Candeias, Silvana Garcia e pelo repórter da Folha Valmir Santos, pulverizou a premiação: apenas "Bodas de Sangue" ganhou mais de um prêmio. Cada premiado recebe um troféu desenhado pelo artista plástico Domenico Calabroni e R$ 8.000.


Texto Anterior: São Paulo interrompe ajuda às companhias de teatro
Próximo Texto: Saiba mais: Lei do Fomento contemplou 79 grupos desde 2002
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.