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Protestos marcam entrega do Prêmio Shell
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Realizada na noite de anteontem, a 17ª edição do Prêmio Shell de Teatro de São
Paulo, que elegeu os destaques profissionais da área de
2004, foi marcada principalmente por discursos de protesto contra o congelamento
da Lei de Fomento. A lei foi
mencionada por quase todos os vencedores das categorias e pelo homenageado
da noite, o fundador do Teatro de Arena, José Renato.
Ao receber o prêmio de
melhor cenário de 2004, o
primeiro da noite, Ilo Krugli,
cenógrafo de "Bodas de Sangue", declarou que "o trabalho foi montado com a Lei de Fomento". "Os políticos têm
que prestar atenção naquilo
que os artistas sabem, que a
continuidade na vida é o risco", disse, entre aplausos.
O diretor José Renato,
também discursou sobre o
Fomento. Depois de brincar
com Eva Wilma, que o chamou ao palco e prestou a homenagem por sua constante
contribuição ao teatro, Renato falou das "mágoas" de
sua trajetória teatral. "Nossos dirigentes políticos têm o
maior menosprezo pelo desenvolvimento cultural do
Brasil. É uma pena que programas fantásticos de apoio
ao teatro, como o programa
do Fomento, tenham sido
relegados a segundo plano. E
é um programa que servia de
exemplo a todo o país."
Depois de ser interrompido por gritos e aplausos,
concluiu: "Espero que futuramente a gente consiga reverter essa situação e consiga
mostrar aos dirigentes desse
país o valor e a importância
da cultura. Uma organização como a Shell, uma entidade privada, reconhece.
Por que o governo, que tem
obrigação, não reconhece?",
indagou.
Cibele Forjaz, diretora da
Cia. Livre, foi enfática em
seu discurso de agradecimento pelo prêmio da categoria especial, concedido ao
grupo pelo projeto "Arena
Conta Arena 50 Anos". "Se
ela [a Lei de Fomento] cair,
caímos todos", disse.
Newton Moreno, diretor
de "Agreste" e vencedor da
premiação para melhor diretor de 2004, "aproveitou" a
ida ao palco para "deixar
também o pedido para um
olhar mais atento, cuidadoso, da Secretaria da Cultura
para a Lei de Fomento".
Criado em 1989, o Prêmio
Shell de Teatro é oferecido a
profissionais de nove categorias: autor, diretor, ator,
atriz, cenário, figurino, iluminação, música e categoria
especial.
Neste ano, o júri, formado
por Aimar Labaki, Kil
Abreu, Maria Lúcia Candeias, Silvana Garcia e pelo
repórter da Folha Valmir
Santos, pulverizou a premiação: apenas "Bodas de Sangue" ganhou mais de um
prêmio. Cada premiado recebe um troféu desenhado
pelo artista plástico Domenico Calabroni e R$ 8.000.
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