São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2005

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Artistas afirmam que suspensão é retrocesso

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Chico Cabrera, a suspensão do edital do Fomento "é um absurdo, um retrocesso para a cultura". A entidade congrega cerca de 80% dos grupos e artistas da cidade.
Segundo Cabrera, 43, a classe vai se mobilizar para convencer a nova administração "de que não se trata de uma lei do governo anterior, mas de uma reivindicação dos artistas votada pela Câmara".
Até ontem, a prioridade da cooperativa era convencer a prefeitura em não enquadrá-la como uma empresa única na prestação de serviços (apesar do CNPJ único), mas representante de 660 núcleos. Do contrário, o pagamento atrasado de cerca de R$ 3,5 milhões, referente ao trabalho realizado por companhias e artistas em 2004, poderá ser parcelado em vários anos, afirma Cabrera.
O presidente da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (Apetesp), Carlos Meceni, é a favor da revisão da Lei do Fomento. "Ela é interessante, mas muito voltada para a pesquisa de grupo", diz Meceni, 51.
O produtor pede que o governo municipal revitalize a Lei Mendonça (patrocínio atrelado a incentivos fiscais). Segundo Meceni, a captação da iniciativa privada por meio do mecanismo "caiu de R$ 40 milhões, no governo [Celso] Pitta, para R$ 19,1 milhões no governo do PT".
Atores e diretores concordam que a suspensão do Fomento deve ser evitada a todo custo e apostam na mobilização da classe. O ator Gero Camilo, 34, planeja espetáculos teatrais na rua. "Se a suspensão ocorrer, acredito que a gente deve fazer espetáculo na rua, no sentido de mobilização artística, como uma resposta política mesmo a esse momento."
Para o dramaturgo e diretor da Cia. Livre, Vadim Nikitin, 32, o fim do Fomento "é uma ponta de iceberg de um calote muito maior". Nikitin conta que "existe encaminhamento político" da classe artística. "Existe uma tentativa, via alguns vereadores diretamente com o prefeito, para que ele saiba a besteira, o crime que ele está fazendo." (VS e IML)


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