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Artistas afirmam que suspensão é retrocesso
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Chico Cabrera, a suspensão do edital do
Fomento "é um absurdo, um retrocesso para a cultura". A entidade congrega cerca de 80% dos
grupos e artistas da cidade.
Segundo Cabrera, 43, a classe
vai se mobilizar para convencer a
nova administração "de que não
se trata de uma lei do governo anterior, mas de uma reivindicação
dos artistas votada pela Câmara".
Até ontem, a prioridade da cooperativa era convencer a prefeitura em não enquadrá-la como uma
empresa única na prestação de
serviços (apesar do CNPJ único),
mas representante de 660 núcleos. Do contrário, o pagamento
atrasado de cerca de R$ 3,5 milhões, referente ao trabalho realizado por companhias e artistas
em 2004, poderá ser parcelado em
vários anos, afirma Cabrera.
O presidente da Associação dos
Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo
(Apetesp), Carlos Meceni, é a favor da revisão da Lei do Fomento.
"Ela é interessante, mas muito
voltada para a pesquisa de grupo", diz Meceni, 51.
O produtor pede que o governo
municipal revitalize a Lei Mendonça (patrocínio atrelado a incentivos fiscais). Segundo Meceni, a captação da iniciativa privada por meio do mecanismo "caiu
de R$ 40 milhões, no governo
[Celso] Pitta, para R$ 19,1 milhões
no governo do PT".
Atores e diretores concordam
que a suspensão do Fomento deve
ser evitada a todo custo e apostam
na mobilização da classe. O ator
Gero Camilo, 34, planeja espetáculos teatrais na rua. "Se a suspensão ocorrer, acredito que a
gente deve fazer espetáculo na
rua, no sentido de mobilização artística, como uma resposta política mesmo a esse momento."
Para o dramaturgo e diretor da
Cia. Livre, Vadim Nikitin, 32, o
fim do Fomento "é uma ponta de
iceberg de um calote muito
maior". Nikitin conta que "existe
encaminhamento político" da
classe artística. "Existe uma tentativa, via alguns vereadores diretamente com o prefeito, para que
ele saiba a besteira, o crime que
ele está fazendo."
(VS e IML)
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