São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2005

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EUA

Steven A. Cohen lidera grupo de jovens investidores que pagam valores exagerados em obras; coleção inclui Pollock e Warhol

Magnata de Wall Street inflaciona mercado das artes

LANDON THOMAS JR.
CAROL VOGEL
DO "NEW YORK TIMES"

Por mais de um século, titãs de Wall Street investiram suas fortunas em arte, esperando que um Monet ou um Cézanne ajudasse a polir a imagem bruta de sua vida nos negócios. Agora, jovens bilionários estão agitando o mercado de arte, usando o capital para conquistar algumas das imagens mais famosas do mundo.
O líder dessa nova leva de investidores é Steven A. Cohen, um magnata dos fundos de hedge avesso a publicidade que vive em em Nova York e cuja renda atingiu os US$ 350 milhões (cerca de R$ 931 milhões) em 2003 e cresceu ainda mais em 2004.
Ao longo dos cinco anos passados, Cohen, 48, gastou mais de US$ 300 milhões montando uma coleção que inclui um dos raros quadros gestuais de Jackson Pollock, Monet, Manet, "Retrato de uma Mulher Sentada" (Picasso), "Super-Homem" (Andy Warhol) e "Popeye" (Roy Lichtenstein).
"Ele tem envolvimento emocional, um ótimo olho e conhece as obras em seu contexto. São os ingredientes necessários a um bom colecionador", diz Donald B. Marron, presidente do conselho da Lightyear Capital e ex-presidente executivo da PaineWebber, ele mesmo curador do Museu de Arte Moderna de Nova York.
Cohen sempre está disposto a pagar caro demais, segundo especialistas, para conseguir o que quer. Quando circulam rumores sobre a aquisição de um Pollock, por US$ 52 milhões (cerca de R$ 138 milhões), por exemplo, colecionadores de Los Angeles a São Paulo não param de comentar sobre os preços pagos por Cohen -que se recusou a ser entrevistado para esta reportagem.
"As compras dele definem o ambiente para toda uma subcategoria de colecionadores que vêm gastando dinheiro significativo", diz Perry Rubenstein, comerciante de arte em Manhattan. Acompanhar as aquisições de Cohen se tornou uma espécie de esporte.
Um homem baixinho e de presença nada imponente, Cohen tem patrimônio líquido estimado pela revista "Forbes" em US$ 2 bilhões (cerca de R$ 5 bilhões) e cultiva uma aura de mistério. A despeito de sua posição como influente investidor, não posa para fotos. Diferentemente de outros magnatas, não usou sua coleção como alavanca para entrar nos círculos sociais de Manhattan ou para obter lugar no conselho do Metropolitan Museum of Art. Mas é parte do comitê de aquisição de pinturas e esculturas do Museu de Arte Moderna, primeiro passo para virar conselheiro.
"Steve atacou o mundo da arte da mesma forma que ataca seus negócios", diz David Ganek, ex-sócio de Cohen. O amor de Cohen pela arte parece ter sido adquirido recentemente. Começou a colecionar com seriedade cinco anos atrás, iniciando com Manet e Monet antes de chegar ao reino da arte contemporânea. "Eu o colocaria no mesmo patamar que Geffen e Broad", diz o comerciante de arte William Acquavella, se referindo a David Geffen, figurão de Hollywood, e ao financista Eli Broad, reconhecidos como dois dos maiores colecionadores de arte moderna. "Eles podem ter mais obras, mas não melhores. Cohen é um colecionador apaixonado que adora aprender. Não está apenas decorando a casa."
Ele não é o único profissional jovem que vem causando impacto no mercado. "O pessoal dos fundos de hedge vem tendo impacto maior sobre o mercado que gente como Saul Steinberg", diz Richard Feigen, um comerciante de arte que ajudou Steinberg a formar sua coleção, nos anos 80.


Tradução Paulo Migliacci

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