São Paulo, sexta-feira, 09 de março de 2007

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CDs

MPB
Polaróides
    
CELSO FONSECA E RONALDO BASTOS
Gravadora:
Dubas; Quanto: R$ 30, em média
A bossa nova é um daqueles gêneros (na verdade, um subgênero do samba) que, por razões musicais e culturais, ficam quase cristalizados, repetindo-se muito e gerando poucas renovações internas. Mas nos discos "Sorte" (1994), "Paradiso" (1997) e "Juventude/Slow Motion Bossa Nova" (2001), agora sintetizados em um álbum de 14 faixas, o músico Celso Fonseca e o letrista Ronaldo Bastos injetaram sangue fresco no estilo. Arranjos diferentes, versos firmes ("Tem quem diz que o samba é mãe/ Mas não vai ao samba se benzer") e temas atuais, distantes dos antigos barquinhos, compõem essa nova bossa nova.
POR QUE OUVIR: "Satélite Bar", "Denise Bandeira" e "Slow Motion Bossa Nova" são ótimas combinações de inteligência e suavidade. (LUIZ FERNANDO VIANNA)

Rap
Doctor's Advocate
   
THE GAME
Gravadora:
Universal; Quanto: R$ 35, em média
Para compreender esse álbum -um dos melhores de 2006 para o "NYT"- é preciso entender os bastidores de uma treta. The Game estreou "bombando" com "The Documentary" (2005), produzido por Dr. Dre, um dos responsáveis por moldar a sonoridade do gangsta rap. Depois de uma briga com 50 Cent, The Game deixou o selo G-Unit, do qual fazem parte Dre e 50 Cent, e perdeu o produtor (que tomou as dores do primeiro). Numa atitude inusual para um gângster, The Game fez um disco mea-culpa, que abre com uma explicação para Dr. Dre, na qual relata seus motivos para insultar o rival -eis o motivo do título, "advogado de doctor".
POR QUE OUVIR: The Game perdeu o produtor, mas não a habilidade para rimar. Não é o tipo de rap mais criativo, mas seu talento é inegável. (ADRIANA FERREIRA SILVA)

Soul
Atlantic Unearthed: Soul Brothers
   
VÁRIOS
Gravadora:
Warner; Quanto: R$ 35
O selo Atlantic foi uma das principais casas relacionadas à soul music dos anos 60 e 70. Esta compilação traz faixas raras, "lados Bs" e canções que nunca haviam saído em CD. Algumas são fracas e entende-se o porquê de não terem sido lançadas antes. Mas, entre suas 16 músicas, há material excelente de Otis Redding, James Carr e Sam & Dave. A Warner lança também o "Soul Sisters", álbum que traz, por exemplo, Aretha Franklin em versão de "My Way", além de Laura Lee, Mary Wells, Judy Clay e Esther Phillips.
POR QUE OUVIR: É um disco voltado principalmente a quem já conhece muito de soul music, mas faixas como "Can't Stop a Man in Love", de Wilson Pickettt, e "Coldest Days of My Life", de Walter Jackson, são maiúsculas. (THIAGO NEY)

Eletrônica
Brazilian Gigolo
   
Renato Ratier
Gravadora:
Lado Z; Quanto: R$ 25
A gravadora alemã International Deejay Gigolo, do DJ Hell, foi uma das responsáveis pelo renascimento do electro no final dos anos 90, lançando gente como Miss Kittin, Vitalic, Felix da Housecat. O brasileiro Renato Ratier assume trabalho que já foi de Tiga e Abe Duque: montar uma coletânea com faixas do selo. Com 14 canções, o disco é inteiramente voltado para as pistas. Tirando uma ou outra faixa já meio desgastada, o álbum é bem animado e variado, indo do electro puro a músicas com maior acento pop.
POR QUE OUVIR: O disco é um ótimo panorama de como parte da eletrônica moderna (a que está ligada à chamada electro-house) está se comportando, por meio de faixas de Boys Noize (a excelente "The Bomb"), Oliver Huntemann ("Sweet Sensation"), XLover e The Model, entre outros. (TN)

Instrumental
Prazer da Espera
   
ROGÉRIO BOTTER MAIO
Gravadora:
Gero/Tratore; Quanto: R$ 25, em média
Sete temas instrumentais e três canções integram o terceiro álbum do talentoso baixista e compositor paulistano, que vive na Europa. A lírica "Cerne" destaca o clarinete de Nailor Proveta. O frevo "Devagar com o Andor!" ganha sonoridades inusitadas graças à gaita de Vitor Lopes. O pianista Nelson Ayres recria sua bela "Mantiqueira", em duo com o baixo acústico de Botter Maio. Entre as canções destaca-se "Uma Mulher" (letra de Vanessa Bumagny), colorida pelo vocal de Ná Ozzetti e um quarteto de cordas. O lançamento será marcado por show no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, na segunda-feira, dia 12.
POR QUE OUVIR: Músico antenado, Botter Maio sabe que a aproximação com a canção é um caminho para que a música instrumental possa ampliar seu público. (CARLOS CALADO)

Rock
A Calçada da Fama
   
FAICHECLERES
Gravadora:
Outracoisa; Quanto: R$ 15,90
Trio de Curitiba já bem conhecido na cena roqueira nacional, o grupo melhora em seu primeiro disco oficial. Para isso, optaram por amenizar a irreverência infantil das primeiras canções, repletas de trocadilhos, e agora apostam naquilo que têm de melhor. Ou seja: conseguiram amadurecer as influências da fase clássica do rock'n'roll, de Beatles a Kinks, com letras agora mais equilibradas, entre o humor e a pura sacanagem. Faixas como "O Seu Cafajeste" ("Meu bem desiste/Foi apenas uma noite e cê achou que eu fosse o teu príncipe") não deixam mentir. Os politicamente corretos logo vão taxá-los de machistas pra baixo, claro. Mas o rock primitivo nunca primou por filosofia e bom-mocismo.
POR QUE OUVIR: Porque o grupo consegue se manter à parte das inovações no pop e ainda assim soar interessante. (BRUNO YUTAKA SAITO)

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