São Paulo, terça-feira, 09 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disciplina do Oscar se estende aos bastidores

Tudo é calculado na cerimônia; jornalistas trabalham como soldados obedientes diante de assessores mal-humorados

Passagem das celebridades é a porção de caos permitida em meio à ordem; quanto mais em voga, mais rápida a paradinha dos atores


CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

Alguns podem ver glamour, mas a verdade é que é estranho e desconfortável participar de uma cobertura do Oscar.
A Academia é tão rígida nos bastidores quanto transparece na cerimônia. Tudo é calculado. Os jornalistas trabalham como soldados obedientes diante de inúmeros assessores com cara de poucos amigos.
Os repórteres com acesso ao tapete vermelho são divididos entre os que podem ou não falar com as celebridades e obrigados a se posicionar três horas antes da cerimônia.
É claro que os famosos que importam só começarão a passar duas horas depois, mas nesse meio-tempo os jornalistas podem testar seus equipamentos enquanto lidam com as dificuldades de trabalhar com agilidade em roupas de gala.
Esta repórter ficou em uma arquibancada na lateral do tapete, próxima à entrada do Kodak Theatre. E constatou: a passagem das celebridades é a porção de caos que o Oscar reserva em meio a tanta ordem.
O tal tapete vermelho está mais para entrada de estádio, só que com pequenas paradas para fotos de famosos cercados de assistentes. Quanto mais "em voga", mais rápida a paradinha. Na lógica do Oscar: se a celebridade tiver indicações e ainda por cima chances de ganhar, vai se fazer de difícil.
Além dos jornalistas, alguns fãs "privilegiados" são colocados nas laterais do corredor, para fazer barulho quando levantadas as placas de aplauso. Entre os poucos que geraram gritaria espontânea, Zac Efron e George Clooney.
Minutos antes da festa (que começou pouco depois das 17h e durou 3 horas, 37 minutos e 5 segundos), somos expulsos de lá e mandados a um salão de hotel, ao lado do teatro, com telas de plasma, lugares marcados e um palco para as entrevistas com os premiados.
Um dos repórteres é expulso por não estar de smoking. De calça e camisa social, ele ouviu da assessora um definitivo "mas isso aqui é o Oscar!".
Aos que ficaram, o aviso: os jornalistas terão os seus microfones cortados, caso se estendam -igualzinho aos premiados. É preciso levantar um papel com um número para pedir a palavra. Sandra Bullock, troféu de atriz na mão, entra e diz que aquilo parece um leilão. Mas isso é o Oscar.


Texto Anterior: Oscar
Próximo Texto: Diretora privilegia histórias masculinas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.