|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Disciplina do Oscar se estende aos bastidores
Tudo é calculado na cerimônia; jornalistas trabalham como soldados obedientes diante de assessores mal-humorados
Passagem das celebridades é a porção de caos permitida em meio à ordem; quanto mais em voga, mais rápida
a paradinha dos atores
CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES
Alguns podem ver glamour,
mas a verdade é que é estranho
e desconfortável participar de
uma cobertura do Oscar.
A Academia é tão rígida nos
bastidores quanto transparece
na cerimônia. Tudo é calculado. Os jornalistas trabalham
como soldados obedientes
diante de inúmeros assessores
com cara de poucos amigos.
Os repórteres com acesso ao
tapete vermelho são divididos
entre os que podem ou não falar com as celebridades e obrigados a se posicionar três horas
antes da cerimônia.
É claro que os famosos que
importam só começarão a passar duas horas depois, mas nesse meio-tempo os jornalistas
podem testar seus equipamentos enquanto lidam com as dificuldades de trabalhar com agilidade em roupas de gala.
Esta repórter ficou em uma
arquibancada na lateral do tapete, próxima à entrada do Kodak Theatre. E constatou: a
passagem das celebridades é a
porção de caos que o Oscar reserva em meio a tanta ordem.
O tal tapete vermelho está
mais para entrada de estádio,
só que com pequenas paradas
para fotos de famosos cercados
de assistentes. Quanto mais
"em voga", mais rápida a paradinha. Na lógica do Oscar: se a
celebridade tiver indicações e
ainda por cima chances de ganhar, vai se fazer de difícil.
Além dos jornalistas, alguns
fãs "privilegiados" são colocados nas laterais do corredor,
para fazer barulho quando levantadas as placas de aplauso.
Entre os poucos que geraram
gritaria espontânea, Zac Efron
e George Clooney.
Minutos antes da festa (que
começou pouco depois das 17h
e durou 3 horas, 37 minutos e 5
segundos), somos expulsos de
lá e mandados a um salão de
hotel, ao lado do teatro, com telas de plasma, lugares marcados e um palco para as entrevistas com os premiados.
Um dos repórteres é expulso
por não estar de smoking. De
calça e camisa social, ele ouviu
da assessora um definitivo
"mas isso aqui é o Oscar!".
Aos que ficaram, o aviso: os
jornalistas terão os seus microfones cortados, caso se estendam -igualzinho aos premiados. É preciso levantar um papel com um número para pedir
a palavra. Sandra Bullock, troféu de atriz na mão, entra e diz
que aquilo parece um leilão.
Mas isso é o Oscar.
Texto Anterior: Oscar Próximo Texto: Diretora privilegia histórias masculinas Índice
|