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"MAR DE FOGO"
Ator, que ficou conhecido como o Aragorn de "O Senhor dos Anéis", protagoniza longa de ação que estréia hoje
Mortensen cavalga entre tradição e lenda
DO "INDEPENDENT"
A essa altura, é possível presumir com segurança que a maioria
das pessoas saiba quem é Viggo
Mortensen. Alguns anos atrás,
sua identidade teria de ser explicada, já que era conhecido apenas
por atuar em alguns filmes independentes, como o amante de
Gwyneth Paltrow em "The Perfect
Murder" [O Assassinato Perfeito], um dos candidatos à mão de
Nicole Kidman em "Retrato de
uma Mulher" e como John Gavin
no "Psicose" de Gus van Sant.
Agora, ele é famoso como Aragorn, de "O Senhor dos Anéis", o
rei que retorna ao seu trono.
Mas as vidas e as carreiras têm
de ir em frente, e Mortensen, 45,
volta à estrada em "Mar de Fogo",
de Joe Johnson ("Jurassic Park
3"). "Mar de Fogo" é um filme de
ação à maneira antiga, passado
em 1890, e seu herói é uma figura
histórica real, Frank T. Hopkins,
interpretado por Mortensen.
Hopkins escreveu sobre suas
aventuras muito variadas, como
um carteiro a cavalo no Oeste dos
Estados Unidos, testemunha da
batalha de Wounded Knee entre o
Exército americano e os sioux,
ator no circo itinerante de Buffalo
Bill e participante da corrida de
cavalo conhecida como Mar de
Fogo, através do deserto da Arábia, na qual levou seu cavalo Hidalgo à vitória, derrotando os puros-sangues árabes rivais.
A corrida é a peça central do filme. O problema é que existe uma
certa controvérsia quanto à participação de Hopkins em todos esses acontecimentos, vista por
muitos como fruto de sua imaginação. "Mar de Fogo" não exige
que Mortensen recite diálogos de
qualidade shakespeariana, ou que
demonstre muita emoção, mas
lhe dá a chance de fazer algumas
das coisas que faz bem, como
mostrar sua capacidade para línguas falando um pouco em idioma indígena americano (ele é supostamente fluente em dinamarquês e espanhol), exibir a aparência máscula e bem talhada e cavalgar esplendidamente.
"Gosto de cavalos", diz Mortensen, que aparentemente adquiriu
o cavalo usado para as imagens
em close-up de Hidalgo, sua
montaria no filme.
Mortensen se mostra defensivo
desde o começo sobre as diversas
formas de ataque que o filme vem
sofrendo. Aparentemente, os historiadores não têm registro escrito da corrida Mar de Fogo, excetuados os diários de Hopkins.
Além disso, os criadores de cavalos árabes se irritaram com a
sugestão de que um cavalo nativo
norte-americano seria capaz de
vencer um puro-sangue árabe em
corrida. Assim, pelos próximos 15
minutos, de uma maneira que
não difere muito do comportamento de Aragorn na batalha de
Helms Deep, Mortensen batalha
contra essas acusações, em uma
diatribe de ferocidade impressionante. "As pessoas começaram
com isso, escrevendo contra o filme sem nem sequer assisti-lo. Diziam que era propaganda pró-Bush, que era anti-islâmico. Houve artigos sobre o assunto em países árabes. E há um par de pessoas, que acho que são norte-americanas, do Kentucky, me parece -não importa que sejam ou
não sejam americanos-, que não
pensaram nos motivos para suas
ações e alegam ter pesquisado
bastante, mas nem mencionam os
lugares e as pessoas que me ensinaram mais sobre essa história."
"A fonte mais importante de
material é a tradição oral, particularmente nas reservas indígenas
americanas. Por gerações, vêm-se
contando histórias, especialmente sobre Hopkins e seu cavalo, Hidalgo, e sobre a corrida."
Mortensen se estende sobre o
assunto. E talvez nem seja relevante que Hopkins tenha mesmo
feito as coisas que alega. "Sim,
mas para os lakota, para aqueles
que conhecem a tradição oral, ele
é um deles, o cavalo é um deles",
diz o ator, com veemência. "E que
as pessoas tentem desacreditar
Hopkins constitui, acredito, uma
afronta a eles."
Tradução Paulo Migliacci
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