O quarteto americano, símbolo da new wave, lança "Funplex", o primeiro CD de inéditas em 16 anos

"Não estivemos separados, nesse tempo fizemos shows", diz Kate Pierson, da banda; faixa-título foi remixada por CSS, Scissor Sisters e Peaches

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A partir da esq., Cindy Wilson, Fred Schneider, Kate Pierson e Keith Strickland, da banda B-52s

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

É como se a ressaca tivesse durado 16 anos. Passou, e agora o B-52s quer mais festa.
A banda norte-americana retorna ao noticiário pop com "Funplex", primeiro disco de estúdio desde 1992 (ano em que lançaram "Good Stuff").
Se "música de festa" for um subgênero do rock, o B-52s está entre seus principais nomes. Quando hoje ouvimos DJs tocando "Love Shack", "Roam" e "Private Idaho", fica fácil esquecer que se trata aqui de um grupo que existe há mais de 30 anos -nasceu em 1976, em Athens (Geórgia), mesma cidade de onde veio o R.E.M. Surgido junto com o punk, o B-52s foi um dos responsáveis pela new wave, uma das fases mais celebratórias do pop, com roupas coloridas, penteados extravagantes e desejo de farra.
Mas Kate Pierson, Cindy Wilson, Fred Schneider e Keith Strickland já passam dos 50 anos; por que voltar agora? "Não é bem assim", diz Pierson, 59. "Nós não estivemos separados por 16 anos. Nesse tempo, saímos em algumas turnês, fizemos alguns shows grandes. Apenas não lançamos nenhum disco de inéditas."
Esse disco é "Funplex", que mostra uma banda calejada, mas que traz momentos modernos, às vezes bem dançantes, eletrônicos, às vezes mais introspectivos, como a faixa-título (que foi remixada por Cansei de Ser Sexy, Scissor Sisters e Peaches), a ótima "Hot Corner" e "Juliet of the Spirits".
"Queríamos seguir essa direção e trabalhamos com um produtor [Steve Osborne, que já havia produzido New Order e que fez parte da dupla Grace, dona do single "Not Over Yet", que ganhou recente cover do grupo Klaxons] que nos mostrou muitas coisas legais."
Divertido, meio caótico e festeiro, "Funplex" é um retrato fiel do B-52s, um grupo que apareceu quase por acaso. "Cindy e eu estávamos meio bêbadas e formamos a banda após uma brincadeira num bar. Não sabíamos o que queríamos.
Não fazíamos parte de nenhuma cena, pois ser músicos não era algo em que pensávamos." Uma das boas memórias de Pierson é a passagem pelo Rock in Rio, em 1985. "Aquilo foi uma loucura. Antes de ir, eu e Cindy dizíamos: "Nunca vamos usar aqueles biquínis que as mulheres brasileiras usam". E, no dia seguinte à nossa chegada, já estávamos de biquíni..."