São Paulo, Sexta-feira, 09 de Abril de 1999
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HEINEKEN CONCERTS 99
Compay Segundo, Rubén González e o Afro Cuban All Stars tocam hoje no Tom Brasil, em São Paulo
Cubanos exibem simpatia e vitalidade no Rio


LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio

A noite cubana do Heineken Concerts não decepcionou, na terça à noite, no Canecão, uma platéia fiel e engajada -com direito até a alguns gritos de ""Viva Cuba" e ""Viva la revolución".
Compay y sus Muchachos, Rubén González e o Afro Cuban All Stars mostraram um pouco de son, bolero, guajira, guaracha, danzón e outros ritmos cubanos que o público paulistano terá oportunidade de conferir hoje à noite.
Se no show carioca o resultado foi bem mais tosco e menos sofisticado do que o apresentado nos discos -especialmente em ""Buena Vista Social Club"-, os cubanos sobraram em animação e empatia.
Os grandes nomes da noite foram o pianista Rubén González, 80, e o violonista e cantor Compay Segundo, 91, que encantaram o público com talento e carisma -além de uma vitalidade excepcional para suas idades.
O primeiro fez uma exibição de criatividade, suingue, classe e elegância em belos solos. Brilhou em canções como ""Buena Vista Social Club" e demonstrou agilidade impressionante para alguém de sua idade -e que parecia andar com tanta dificuldade pelo palco.
Compay abriu o show com seu quarteto e mostrou sua destreza no ""armunico" -violão turbinado com sete cordas em vez de seis (a terceira é dupla). Deu-se ao luxo de citar ""Na Baixa do Sapateiro" no meio de um solo. E ainda sapecou beijos ritmados no seu violão em ""Beso Discreto".
Compay apresentou ao público a cantora Omara Portuondo, que se destacou com boleros como ""Dos Gardenias" e ""Veinte Años". Ela tomou conta do show ao brincar com a platéia estrelada, em que Caetano Veloso se contentou com o papel de figurante ao ensaiar alguns passos com Omara.
Liderada por Juan de Marcos González, o Afro Cuban All Stars mostrou ritmos mais modernos, vibrantes e próximos da salsa exilada. Além da clássica ""Quizás, Quizás, Quizás", com corinho da platéia, a banda mostrou músicas de ""A Toda Cuba le Gusta", como ""Amor Verdadero" e ""Pío Mentiroso".
O show é muito bom. Mas quem foi esperando ouvir um repertório com ênfase em ""Buena Vista Social Club" -como fazia pensar o anúncio do show- deve ter se desapontado.
Do que foi tocado, é preciso lamentar a ausência do guitarrista Ry Cooder, que produziu o disco e ainda o enriqueceu com o som de seu violão. O CD é uma pequena jóia. Mas Cooder, lamentavelmente, não excursiona com os cubanos. No concerto, faltou alguém para fazer esse trabalho de lapidação, como Cooder fez no disco.


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