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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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COPIÃO

Gil revê leis de patrocínio à sombra de "O Guarani"

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao analisar a contabilidade do filme "O Guarani" (1996), de Norma Bengell, o Tribunal de Contas da União concluiu que dos R$ 2,9 milhões de dinheiro público aplicados no longa, R$ 829 mil foram gastos para remunerar o captador dos recursos.
Ou seja, 27% do orçamento foi para o bolso de quem convenceu os patrocinadores a destinar ao filme parte dos impostos que pagariam à União. O percentual excede o que havia sido autorizado para a tarefa -15%.
A aplicação de dinheiro público em obras artísticas (não apenas filmes) é feita por meio das leis de incentivo à cultura baseadas na renúncia fiscal.
Pelas leis, o Estado abre mão de receber os impostos. E o contribuinte -empresas privadas ou estatais- transforma-se em patrocinador cultural.
Anteontem, as contas de "O Guarani" foram julgadas irregulares pelo TCU. Na véspera, o Ministério da Cultura, de Gilberto Gil, anunciou que fará uma "reflexão" sobre o uso das leis de patrocínio. Diz querer aperfeiçoá-las.
A reportagem procurou Norma Bengell, mas não obteve retorno.

PELA LEI
O uso simultâneo das leis Rouanet e do Audiovisual num único projeto cultural é aspecto que será considerado pelo MinC em sua revisão dos mecanismos de incentivo.

PELA ORDEM
Em 2001, o TCU recomendou ao MinC que suspendesse aprovações de um mesmo projeto nas duas leis. O tribunal entende que a dupla aprovação dificulta o controle da aplicação do dinheiro público. Mas lobby de produtores e cineastas restabeleceu a prática, autorizada pela lei 10.454 de maio de 2002.

PALAVRAS...
Do site de Cacá Diegues, registrando entrevista do diretor ao colega Carlos Adriano, em 2002: "A vocação do cineasta é a de captar imagens (de preferência, nunca vistas antes), e não a de captar dinheiro (que acabamos mesmo por não ver nunca)".

...SÃO PALAVRAS
Do ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação do Governo), depois da reunião com o Ministério da Cultura, Diegues e seus pares, na terça passada, no Rio: "Antes era antes. Se não havia controle [do gasto de dinheiro público em patrocínio cultural", desta vez tem".


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