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TEATRO/CINEMA
Programa quer resgatar Pereira de Almeida
PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO
Dramaturgo, ator, diretor, produtor, um dos principais realizadores do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, descobridor de Mazzaropi, Abílio Pereira de Almeida (1906-1977) anda hoje algo esquecido.
"Rei da bilheteria", com repetidas restrições da crítica, entre os
anos 40 e 60, negligenciado pela
maioria dos contemporâneos ao
final da vida, o autor ressurge
num documentário homônimo
que o Canal Brasil exibe dentro da
série "Retratos Brasileiros".
Apresentado na mostra competitiva do último Festival Internacional de Documentários É Tudo
Verdade, o trabalho do repórter
do canal em São Paulo, Kiko Mollica, 32, tem o claro intuito de
"resgatar", "revalorizar" e "recuperar" a figura do paulista quatrocentão, herdeiro do segundo
maior escritório de advocacia de
São Paulo à época, que abandonou a carreira para se dedicar
profissionalmente às artes.
"Ele viveu os dois lados de várias moedas. Ganhou muito dinheiro, mas acabou na miséria.
Era advogado, defendia causas.
No entanto, em determinado período, ninguém o defendia. A esquerda falava que ele era da aristocracia; a direita, que era comunista", diz Mollica, que, pouco antes da realização do documentário, encomenda do Canal Brasil
realizada no prazo de um ano,
quase nada sabia do personagem.
Salpicado por imagens de uma
entrevista concedida pelo artista à
TV Cultura, em 76, e dos filmes
que realizou, "Abílio Pereira de
Almeida" conta com depoimentos de, entre outros, Anselmo
Duarte, Dercy Gonçalves, Nydia
Licia, Paulo Autran, Silnei Siqueira, Renato Consorte, Mauro Mendonça, Rosamaria Murtinho, Silvio de Abreu -que afirma ser Pereira de Almeida "o grande injustiçado do teatro brasileiro"-, da
sobrinha Ceiça Parahyba Campos
e de Maísa e Antônio de Pádua,
seus filhos.
No teatro, ele deixou peças tais
quais "Pif-Paf" (o primeiro texto,
de 46, sobre o vício do jogo, que
experimentou, chegando a perder
casas em decorrência dele), "A
Mulher do Próximo" -que integrou a inauguração do TBC, em
48, com Cacilda Becker no papel
principal- e "Paiol Velho" (50).
No cinema, deixou o nome na ficha técnica de aproximadamente
30 produções - "Caiçara" (50) e
"Sinhá Moça" (53), por exemplo.
Desiludido -"acho que já estou sobrando, está tudo desaparecendo do cenário", diz na entrevista à Cultura-, doente e pouco
lembrado, Abílio Pereira de Almeida se matou com um tiro, aos
71 anos, em 11 de maio de 77.
ABÍLIO PEREIRA DE ALMEIDA.
Quando: domingo (11/5), às 20h, no
Canal Brasil.
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