São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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Vendas batem recorde no Brasil, e filmes tomam lugar do CD na troca de presentes

DVD cria cinematecas caseiras

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A venda de aparelhos de DVDs bate recordes e recordes no Brasil. Só no primeiro trimestre deste ano cresceu 177% em relação ao mesmo período de 2003. E no ano passado o Brasil já havia alcançado a nona posição no mercado mundial títulos de DVDs musicais.
Mais do que proporcionar um cineminha de melhor qualidade em casa, a nova tecnologia muda hábitos no país. Colecionar filmes agora não é só para fanáticos.
Menos de cinco anos após sua "estréia" brasileira, o DVD conseguiu transformar a venda de longas-metragens num negócio tão lucrativo como jamais ocorrera com a fita de vídeo (VHS) -presente há mais de 20 anos no país.
Filmes começam a ocupar, nas prateleiras das salas, espaço dos CDs, cuja indústria enfrenta grave crise. E mais: com a aproximação dos preços, o DVD vem tomando também lugar do CD na troca de presentes. O filme do padre Marcelo Rossi ("Maria, a Mãe do Filho de Deus"), por exemplo, virou coqueluche neste Dia das Mães.
A mania da cinemateca caseira atinge mesmo aqueles que não freqüentam cinemas e costumavam usar o vídeo só para gravar novela. É o caso do advogado Alcir Martins, 55, que na última quarta "fuçava" uma promoção "leve três e pague dois" no centro de São Paulo. "Tenho 60 títulos e vou comprar muito mais para montar uma filmoteca em casa. Preciso de uma estante nova e irei organizar tudo com catalogação."
Ele deixou de ir regularmente ao cinema há mais de 30 anos. Antes de adquirir seu aparelho de DVD, via filmes na TV aberta e raramente alugava um VHS. Hoje trocou a locação pela compra.
"O DVD me reaproximou do cinema. Estou escolhendo os clássicos a que assisti na infância e alguns mais novos", diz ele, que na quarta levou três por R$ 59,99, em três vezes no cartão de crédito.
Quem já era cinéfilo antes do filme digital anda tendo "surtos" de consumo com tanto lançamento.
Foi o que ocorreu com o designer gráfico Ivan Soares Pinto, 24 (na foto ao lado). Tudo começou com "Gladiador", seu primeiro DVD. Agora tem 480. A média de preços dos seus escolhidos varia de R$ 30 a R$ 40. Isso significa um investimento de R$ 16,8 mil. Dava, com sobra, para ele trocar seu Uno Mille 1990 duas portas por um zerinho quatro portas.
Ele ri com a comparação. "Prefiro investir em filmes", diz o designer, que mora na casa dos pais. Ivan compra em supermercados, locadoras e chegou a ir direto a distribuidoras. Dica do especialista para os iniciantes: esperar um tempo para adquirir os lançamentos. "Tirando um clássico ou outro, o preço sempre abaixa."
A mudança de comportamento tem impacto nas locadoras. Na rede paulistana 2001, com quatro lojas em bairros nobres, os números impressionam: na época do VHS, o faturamento vinha 85% de locação e 15% de venda. Com o DVD, o aluguel fica com 37%, contra 63% das vendagens. Na Blockbuster, em várias cidades, a venda responde por 10% do lucro.


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