São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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DVD

No setor musical, formato ocupa 15% das vendas e pulou de 5.173 cópias vendidas em 99 para 3,4 milhões em 2003

Brasil já é o nono mercado do mundo

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

A quantidade de DVDs musicais vendidos no Brasil ainda é pequena, se comparada com a de CDs. Em 2003, foram 3,4 milhões de DVDs; não há dados equivalentes para CD ainda, mas em 2002 foram vendidos 79,6 milhões de discos no Brasil.
Ainda assim, o crescimento tem sido exponencial (em 1999, venderam-se no país 5.173 DVDs de música), enquanto o decréscimo das vendas de CDs vem sendo também contínuo. Mais que isso, o Brasil foi no ano passado o nono maior mercado do mundo para DVDs, que ocuparam 2% do mercado global e 15% do brasileiro, em termos de faturamento.
Tomando-se gravadoras isoladamente, essas fatias podem ser ainda maiores -a Universal Music tirou 28% de seu faturamento em 2003 desse formato.
O diretor-geral da Universal, José Antonio Eboli, diz que o Brasil e o mundo já vivem uma fase de competição entre os formatos DVD, ascendente, e CD, decadente e ostensivamente pirateado.
O diretor-geral da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), Paulo Rosa, relativiza a questão: "Se existe competição, é a mais sadia possível. Mas não vejo assim, não".
Relativiza também derrotas e vitórias da atual indústria musical: "Enquanto comemoramos o crescimento do formato DVD, lamentamos a estagnação do mercado de discos e do mercado musical mundial como um todo".
O presidente da Trama, João Marcello Bôscoli, lamenta o que classifica como um equívoco das indústrias envolvidas quando do surgimento do formato DVD. Diz que as fitas VHS deveriam ter sido substituídas por DVDs de vídeo, e os CDs, pelo DVD Áudio, sem imagens.
"Como o substituto do CD pode ser uma mídia cuja resolução de som não é melhor que a do CD?", questiona. "Acho que nós, da música, não deveríamos aceitar perder uma mídia exclusiva. Vou contratar um violonista e necessariamente ter que gravar 1h30 de imagens dele tocando violão?"
No Brasil, os DVDs de música em geral se aprisionaram no padrão de shows ao vivo em que artistas cantam sucessos passados de suas carreiras. Dos dez DVDs musicais mais vendidos no país em 2003, quatro são dos projetos da rede musical de TV MTV.
O executivo Marcos Maynard, que saiu da grande indústria com a extinção da Abril Music e agora volta ao mercado com o selo Maynard Music, defende a separação entre CD e DVD.
"Economicamente, o DVD está ajudando as companhias, mas não é a salvação da lavoura. Não está suplantando o CD, um é uma coisa, e outro é outra", diz.
Eboli, da Universal, diz concordar em parte com a noção de que o padrão "ao vivo" colabore com a estagnação artística na indústria fonográfica.
"O formato ao vivo sempre existiu e conviveu muito bem com a renovação artística. É claro que quando há um exagero na exploração, o que talvez seja caso do Brasil, a tendência é sufocar o surgimento de novos artistas", afirma.


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