|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica/Pop
Cantora dá coesão a disco repleto de colaboradores
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A lista de músicos e produtores que colaboraram em "Volta" é extensa e variada. Nas mãos de
qualquer outro artista, provavelmente sairia um frankenstein disforme, desengonçado.
Björk tornou-se uma referência tão poderosa que, mais do
que incorporar referências, faz
com que seus novos parceiros
se adaptem ao seu mundo.
Quando anunciou que trabalharia com o norte-americano
Timbaland, imaginou-se que
Björk apareceria com um disco
pop, dançante, sexy. Afinal,
Timbaland é o produtor mais
festejado do momento. Ele foi o
responsável pelas irresistíveis
batidas que rejuvenesceram as
carreiras de Justin Timberlake,
Nelly Furtado e Missy Elliott.
Mas não com Björk. Das três
canções de "Volta" que são produzidas pelo norte-americano,
apenas uma guarda alguma semelhança com o som característico de Timbaland. "Innocence" traz ruídos e barulhos
que parecem saídos de um game de luta. É bem funk -e poderia até ter virado um rap, não
fosse pela voz singular de Björk,
que transporta a música para
um lugar inclassificável.
Nas outras duas músicas em
que a dupla esteve junta, "Earth
Intruders" e "Hope", a mão de
Timbaland é menos perceptível. A primeira tem melodia
quebrada, percussiva, graças
também ao grupo congolês Konono Nš1. Na segunda, o que temos é a kora (de som semelhante à harpa) tocada por Toumani Diabat, músico de Mali,
dando clima intimista.
Timbaland, Diabat, Konono
Nš1. Em "The Dull Flame of
Desire", é a vez de Antony (a
voz soturna e grave do grupo
Antony and the Johnsons) e do
baterista Brian Chippendale
(da banda indie Lightning Bolt)
participarem. A canção é um
bonito embate entre as vozes
de Björk e de Antony. Não apenas por sua voz, mas também
pela sua eterna busca estética
por uma música vanguardista,
Björk consegue dar coesão às
canções de "Volta".
As principais falhas do disco
aparecem nos momentos em
que Björk é auto-referente. Como em "Vertebrae by Vertebrae", "Pneumonia" e "I See
Who You Are", que lembram a
Björk confusa de "Medúlla".
VOLTA
Artista: Björk
Lançamento: Universal (no Brasil, a partir da próxima semana)
Quanto: a definir
Cotação: bom
Texto Anterior: Raio-X Próximo Texto: "Papai descobriu o Brasil", exclama Nana Caymmi Índice
|