São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2007

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Crítica/Pop

Cantora dá coesão a disco repleto de colaboradores

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

A lista de músicos e produtores que colaboraram em "Volta" é extensa e variada. Nas mãos de qualquer outro artista, provavelmente sairia um frankenstein disforme, desengonçado. Björk tornou-se uma referência tão poderosa que, mais do que incorporar referências, faz com que seus novos parceiros se adaptem ao seu mundo.
Quando anunciou que trabalharia com o norte-americano Timbaland, imaginou-se que Björk apareceria com um disco pop, dançante, sexy. Afinal, Timbaland é o produtor mais festejado do momento. Ele foi o responsável pelas irresistíveis batidas que rejuvenesceram as carreiras de Justin Timberlake, Nelly Furtado e Missy Elliott.
Mas não com Björk. Das três canções de "Volta" que são produzidas pelo norte-americano, apenas uma guarda alguma semelhança com o som característico de Timbaland. "Innocence" traz ruídos e barulhos que parecem saídos de um game de luta. É bem funk -e poderia até ter virado um rap, não fosse pela voz singular de Björk, que transporta a música para um lugar inclassificável.
Nas outras duas músicas em que a dupla esteve junta, "Earth Intruders" e "Hope", a mão de Timbaland é menos perceptível. A primeira tem melodia quebrada, percussiva, graças também ao grupo congolês Konono Nš1. Na segunda, o que temos é a kora (de som semelhante à harpa) tocada por Toumani Diabat, músico de Mali, dando clima intimista.
Timbaland, Diabat, Konono Nš1. Em "The Dull Flame of Desire", é a vez de Antony (a voz soturna e grave do grupo Antony and the Johnsons) e do baterista Brian Chippendale (da banda indie Lightning Bolt) participarem. A canção é um bonito embate entre as vozes de Björk e de Antony. Não apenas por sua voz, mas também pela sua eterna busca estética por uma música vanguardista, Björk consegue dar coesão às canções de "Volta".
As principais falhas do disco aparecem nos momentos em que Björk é auto-referente. Como em "Vertebrae by Vertebrae", "Pneumonia" e "I See Who You Are", que lembram a Björk confusa de "Medúlla".


VOLTA
Artista:
Björk
Lançamento: Universal (no Brasil, a partir da próxima semana)
Quanto: a definir
Cotação: bom


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