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Crítica
Salles faz terror sem apelações em "Água Negra"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Parece que Walter Salles não
gostou muito do resultado do
seu longa "Água Negra"
(HBO, 21h). A mim, ao contrário, parece um dos filmes mais
interessantes do diretor de
"Central do Brasil".
Seu retrato de Che Guevara
em "Diários de Motocicleta",
por exemplo, me parece pálido,
como se o jovem futuro revolucionário interessasse ao diretor
menos do que a paisagem e menos ainda do que seu amigo.
Já "Água Negra" tem aspectos no mínimo interessantes,
pois, sendo um filme de terror,
move-se nesse terreno com extrema delicadeza, sem nenhuma das apelações que o gênero
propicia. Ao mesmo tempo, Salles compõe em Jennifer Connelly um comovente retrato de
mãe que busca proteger sua filha -ela é uma mulher há pouco divorciada que se instala em
um apartamento estranhíssimo, onde coisas ainda mais estranhas acontecerão.
É como se o terror não interessasse de verdade a Salles,
que o aceita, apenas. Mas as
pessoas e suas dores, estas sim
o atraem.
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