DA REPORTAGEM LOCAL

Na data da chegada de Bento 16 ao Brasil, a Cultura exibe "O Vaticano de Bento 16". O documentário recupera fiapos da história do menor Estado do mundo (em determinado ponto sob os 44 hectares estariam, por exemplo, o túmulo do apóstolo Pedro e a pedra sobre a qual Jesus pretendia erguer sua igreja), ao mesmo tempo em que descreve o organograma da "corporação papal" -o próprio cardeal Joseph Ratzinger, à época das filmagens ainda prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, compara o funcionamento do Estado ao de uma empresa.
O problema do filme é que o perfil de seu protagonista já caducou. Ainda que, à frente da congregação, ele já fosse a eminência parda de João Paulo 2º, zelando pela preservação e interpretação adequada dos preceitos do catolicismo, fica faltando dizer o que mudou quando ascendeu ao posto de líder da igreja, em 2005. Acirrou-se de fato o conservadorismo, como sugerem alguns?
Afora a biografia de Bento 16, o filme mostra como trabalham os 4.000 empregados da Santa Sé: carga de 36 horas semanais (de segunda a sábado) e salário médio abaixo dos 1,5 mil. Na cidade murada, funcionam uma estação de trem, uma rádio e um posto dos correios. Há ali uma rede telefônica autônoma e os caixas bancários têm instruções em latim.