São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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Última Moda

Alcino Leite Neto - ultima.moda@folha.com.br

A odisséia de Miyake

ESTILISTA LANÇA EDIÇÃO LIMITADA DA SÉRIE L'EAU D'ISSEY E, EM BATE-PAPO EXCLUSIVO, FALA DE HERCHCOVITCH E CARNAVAL

Issey Miyake tinha 7 anos e estava numa sala de aula quando Hiroshima, sua cidade natal, foi atingida pela bomba atômica lançada pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Ele escapou ileso, e, de quebra, ganhou uma vontade extra de viver e de explorar o mundo.
Estudou design em Tóquio, viveu em Paris e em Nova York e, de volta ao Japão em 1970, fundou o Miyake Design Studio, base de sua grife. Pesquisador compulsivo, reinventou modelagens e tecidos e participou da "revolução japonesa" da moda, ao lado de Kenzo, Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo.
Em 2001, criou com Dai Fujiwara - atual diretor criativo da maison Issey Miyake- a linha experimental A-poc (A Piece of Cloth, um pedaço de pano).
Trata-se de uma forma de fazer roupas a partir de tubos de tecido demarcados com modelagens móveis. Do mesmo tubo, podem ser cortados, por exemplo, um vestidão de mangas longas ou uma saia com camiseta e luvas compridas.
"A A-poc é um investimento para o futuro", disse Miyake durante entrevista concedida à Folha, em Tóquio, onde ele lançou uma edição especial da linha de perfumes L'eau D'Issey.
Atualmente, o grupo Miyake inclui a Issey Miyake, a Miyake Homme, a Miyake Fête e a Pleats Please, além das linhas jovens ME, Haat e Cauliflower.
Miyake, porém, está afastado dos ateliês, dedicando-se a trabalhos de moda experimental, conforme contou à Folha. "A pesquisa não pára nunca":  

FOLHA - Qual é o futuro da moda?
ISSEY MIYAKE
- Praticidade aliada às necessidades do mundo contemporâneo. A roupa precisa ser prática, duradoura e usar tecnologia que evite o desperdício. Por isso acredito que a A-poc é um investimento para o futuro, estou muito envolvido com isso. As coisas mudam, e a pesquisa não pára nunca.

FOLHA - Dai Fujiwara esteve na Amazônia pesquisando cores para a próxima coleção da grife Issey Miyake. Já tem novidades sobre isso?
MIYAKE
- Dai não precisa de mim, não me conta mais nada [risos]. Sei que ficaram surpresos com a riqueza do lugar, estão animados com o que viram. Dai também esteve em São Paulo para uma mostra [Quando Vidas se Tornam Forma: Diálogo com o Futuro/ Brasil-Japão, no MAM até 22/ 6], foi uma viagem de contrastes.

FOLHA - O que o sr. conhece da moda brasileira?
MIYAKE
- Sou fã de Alexandre Herchcovitch, ele é um grande talento. E adoro os biquínis brasileiros, são tão divertidos.

FOLHA - Como o sr. descobriu o trabalho de Herchcovitch?
ISSEY MIYAKE
- Pelos desfiles dele em Nova York. Depois, uma pessoa de minha equipe apareceu usando uma jaqueta Herchcovitch, e eu fiquei muito impressionado com a qualidade do design. Fui obrigado a pegar a jaqueta para mim [risos].

FOLHA - E os biquínis?
ISSEY MIYAKE
- Vi o Carnaval do Rio de Janeiro e fiquei extasiado com os biquínis decorados das moças, além daqueles usados nas praias. Olelê, olalá [dança e canta o refrão de "Festa para um Rei Negro", samba-enredo campeão do Salgueiro, de 1971]. Maravilhoso [risos]!


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