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Adultério era prática aceitável
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Estudos publicados no Anuário
do Museu da Inconfidência de
1993 mostram que as autoridades
de Ouro Preto (MG), no final do
século 18, estavam mais preocupadas em garantir o enriquecimento
de Portugal por meio dos impostos sobre o ouro, do que em reprimir "heterodoxias sexuais".
Segundo trabalho do historiador
Paulo Bertram, o governador de
Minas na época, Luís da Cunha
Meneses, era acusado por padres
de se encontrar com mulheres
dentro de igrejas durante a realização de missas, deixando guardas
na porta da tribuna de honra com
ordens de não deixar nenhum homem subir.
Seu irmão, o governador de
Goiás, tinha de usar saias porque
os sintomas da sífilis manchavam
sem pudor suas calças de militar.
O historiador Luiz Carlos Villalta explica, em artigo publicado no
Anuário do Museu da Inconfidência Mineira de 1993, que, na sociedade colonial brasileira, só eram
aceitos casamentos entre pessoas
da mesma classe, raça e riqueza.
No final do século passado, porém, havia um grande desequilíbrio que dificultava as uniões legais.
A população branca representava menos de um quarto dos habitantes de Minas Gerais. Em 1776,
por exemplo, havia praticamente
três homens brancos para cada
duas mulheres da mesma raça na
capitania.
Villalta conclui que "era difícil
encontrar iguais e, por isso, o
adultério, a prostituição, o concubinato e a bigamia eram aceitáveis
e/ou prováveis".
Os inconfidentes não eram exceção entre os moradores de Ouro
Preto. Tomás Gonzaga, por exemplo, teria dividido, com o governador Luís Meneses, a amante
com quem teve um filho.
O mais rico dos inconfidentes, o
padre José de Oliveira Rolim era
irmão de criação de Chica da Silva
e teve três ou quatro filhos com a
filha dela e também considerada
sua sobrinha, com quem viveu até
ser preso.
Nos Autos da Devassa, Joaquim
Silvério dos Reis o acusou de não
só ter tirado a virgindade da sobrinha, como de ter arranjado um casamento de conveniência para
continuar a relação e ameaçado o
marido de morte quando este descobriu tudo.
Até Cláudio Manoel da Costa,
muito religioso, teve cinco filhos
com uma escrava, a quem alforriou, mas com quem nunca se casou.
(CHS)
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