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MÚSICA
Grupo resultante da cisão do RPM lança o álbum "Zum Zum"; dissidentes formam o trio LSD
Paulo Ricardo busca crédito no PR.5
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Crédito, o seu problema é crédito." Quando canta isso à frente
de seu novo grupo, o músico Paulo Ricardo, 41, parece estar condensando numa só frase 20 anos
de trajetória acidentada, do RPM
à carreira solo, dessa à volta do
RPM, de nova dissolução à estréia
como líder do novo PR.5.
A volta do RPM ao trabalho inédito, após um disco memorialista
para a MTV em 2002, foi ceifada
quando Paulo quis trazer para o
grupo a produção jovem e pós-eletrônica do duo alagoano Sonic
Jr., de Juninho, 29, e Paulinho Pessoa, 30. O RPM original se viu cindido em dois, com a recusa do tecladista Luiz Schiavon, 45, e do
guitarrista Fernando Deluqui, 42,
em acompanhar a "modernização" que o Sonic Jr. traria.
"Deixamos de ser RPM, passamos a ser uma banda nova, em
termos estéticos. O PR.5 é fruto,
nesse sentido, de uma banda que
não resistiu ao tempo", diz Paulo
Ricardo, justificando ter abdicado
da marca RPM -algo que chegou a afirmar que não faria.
Desmentem-no Schiavon e Deluqui, que em reação ao PR.5 criaram um novo trio, LSD (o L se refere a Lazza, músico que se integrou à dupla Schiavon-Deluqui).
"Paulo foi impedido por liminar
de usar os nomes RPM, "Rádio Pirata" e "Revoluções por Minuto",
para qualquer fim, sob pena de
multa de R$ 50 mil a cada vez que
o fizer", diz Deluqui. "Estou resolvido quanto a essa questão, não
tenho mais nada contra ele."
"Ele recorreu dessa decisão,
buscando derrubar a liminar que
garantiu a proteção da marca.
Mas o juiz não acatou o recurso e
manteve a decisão", completa
Schiavon, denotando cicatrizes
em mais uma ruptura da banda.
Volta Paulo Ricardo: "Poderia
comprar a briga e tenho certeza
que em última instância eu e [o
baterista] Paulo Pagni venceríamos. Mas a briga se arrastaria, como foi Roger Waters com o Pink
Floyd. Concordo com Fernando e
Luiz, não éramos mais RPM".
De seu lado permaneceu Pagni,
45, que tenta atuar como contemporizador. "Não tenho nada contra os caras, quero mais que eles se
dêem bem. Só acho que podíamos resolver isso em casa", diz o
músico, que saiu do gigantismo
do RPM para grupos underground (e jovens) de SP, voltou ao
RPM e hoje se alista no projeto independente de Paulo Ricardo.
A independência e a adesão de
músicos mais jovens demonstram a hibridez deste momento,
como descreve PR: "A nova banda nos libera da expectativa e do
compromisso associados à imagem de "dinossauros do rock". É
uma banda nova, com uma proposta nova". Os Sonic Jr. se afirmam felizes com a experiência e
sem medo de serem deglutidos
pelo dinossauro. "Não há choque,
é o novo se juntando com a galera
mais velha", diz Juninho, que diz
que ouvia mais MPB na época do
boom do rock nacional.
Paulinho Pessoa adiciona dose
de realismo à mesma inflexão:
"Por mais que o Sonic faça um
trabalho legal, é uma banda totalmente independente na proposta
comercial. Nossos shows são espaçados, temos tempo de sobra
para trabalhar com o PR.5".
O PR.5 se completa com Yann
Lao (ex-Metrô) e Jax Molina (ex-DeFalla). E Paulo Ricardo rege o
caldeirão, ainda e sempre à procura de crédito e credibilidade.
ZUM ZUM - Álbum do PR.5.
Lançamento: Bola 8 (distribuição Som
Livre). Quanto: R$ 30, em média.
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