Shows de abertura dos desfiles do Fashion Rio fecham os olhos ao novo

Salinas aposta em moda praia sofisticada; a grife Sommer acerta com sua coleção hippie-tropicalista para adolescentes

ALCINO LEITE NETO
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Inspiração para um verão com vigor multicultural não falta: basta caminhar pelas ruas e praias cariocas para sentir a força da diversidade e o charme das miscigenações. Na abertura do Fashion Rio, no entanto, as novas misturas culturais deram lugar a shows montados sob a ótica de uma brasilidade estereotipada e envelhecida.
Na terça-feira, primeiro dia do evento, a grife de moda praia Blue Man criou uma cenografia viva com a ajuda de 800 figurantes negros, que fizeram pano de fundo à passagem das modelos, em um palco montado nos arcos da Lapa, no centro do Rio. Entre velas e flores brancas, o clima era um misto de procissão com escola de samba. No final, a trilha arriscou um pouco de hip hop para dar algum tempero atual ao espetáculo, mas era tarde demais.
Na quarta, foi a vez de a Salinas evocar outra imagem da brasilidade-padrão, usando como cenário centenas de pessoas vestidas de índios, em seu desfile na Marina da Glória.
Nas duas performances, que serviriam como espetáculos turísticos, faltou frescor e feeling para captar novos desejos.
Na Salinas, os clichês da encenação, ao menos, não se estenderam em demasia às roupas. A grife apostou numa linha praia sofisticada e étnica, com biquínis comportados e maiôs ornamentados com pedrarias, cinturões e laçarotes.
A estamparia saiu-se bem nos grafismos em branco e preto e nos xadrezinhos. Os geometrismos, que despontam como tendência, também foram destaque na Blue Man. A marca, porém, derivou para tediosas estampas de mapas do litoral e de plantas de pau-brasil.
Fora da moda praia, a discussão principal foi o novo shape dos vestidos. O comprimento do verão é o curto ou o curtíssimo. As experiências de volume e caimento não foram felizes.
Na seção mais jovem, Sandpiper e Lucy in the Sky fizeram desfiles preguiçosos, deixando as atenções recaírem sobre a Sommer. Thais Losso acertou em sua primeira coleção à frente da grife, antes conduzida por Marcelo Sommer. Apostou na estamparia e no jeans recortado e superdecorado. Devem fazer sucesso as jardineiras e os macaquinhos em jeans, que estão entre as primeiras tendências da temporada.


Texto Anterior: Saiba mais: Compositor é maior que o som de cabaré
Próximo Texto: Para Isabeli, foi "chocante'
Índice