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Crítica/"Educação Sentimental do Vampiro"
Hirsch faz imitação pueril de Gerald Thomas
SÉRGIO SALVIA COELHO
CRÍTICO DA FOLHA
Em "Educação Sentimental do Vampiro",
Felipe Hirsch retoma
procedimentos característicos
das encenações de Gerald Thomas. Antes que isso se torne
uma discussão de especialistas
sobre o conceito de plágio em
teatro, é bom dizer que o fato
em si não basta para desabonar
um espetáculo aos olhos de um
público com menos referências. A Própria Sutil Companhia de Teatro de Hirsch retomou recentemente em "Avenida Dropsie" tema e soluções de
montagens anteriores de Edson Bueno e Paulo de Moraes,
resultando em um espetáculo
divertido e emocionante.
Mas quais os limites entre
cópia, imitação e influência, e
quando isso se torna desabonador? Ezra Pound propõe uma
classificação entre inventores,
que inauguram uma linguagem, mestres, que recombinam
linguagens em função de um
projeto próprio, e diluidores,
que reproduzem as lições dos
mestres de forma mais acessível para um público maior.
Visto como um inventor na
sua estréia brasileira, Gerald
Thomas sempre assumiu influências de Beckett, Kantor e
Brook na construção de uma
linguagem para as suas angústias, e seus espetáculos, independentemente da polêmica
que possam causar, há décadas
servem de referência para a encenação contemporânea.
Seria Hirsch um diluidor reverente do mestre? Não. Infelizmente. Mais do que uma
simples "influência" de Thomas, este "Vampiro" não consegue ser sua cópia -para isso,
seria preciso compreender
mais a fundo sua linguagem.
Imitação malfeita, caricatura
que o aluno faz para debochar
do professor, aqui a música não
se contrapõe a nada, fumaças
chamam atenção para si, e os
espelhos do cenário pobre e estático de Daniela Thomas têm
bem pouco o que refletir.
É de se perguntar como ela,
assim como os atores Luís Damasceno e Magali Biff, tendo
conhecido o processo original,
se dispõem a este simulacro.
A montagem serve ao menos
para divulgar Dalton Trevisan?
Também não. Os contos grotescos, de ironia amarga, se tornam um deboche de mau gosto,
talvez por serem narrados com
um caricatural sotaque curitibano, em piada sistemática.
Nudez, sexo simulado, pedaços
de cadáver, mulheres espancadas fazem a platéia gargalhar
sem a menor angústia.
Seria isto, então, ao menos
uma montagem despretensiosa, para fins meramente comerciais? Nem isso. Querendo
manter um verniz de "teatro
experimental", Hirsch põe os
atores de sua companhia em
cenas estáticas puramente narrativas, que explicam por que
teve que pegar emprestado
efeitos mais espetaculares. Mas
quando a ousadia se dilui assim
em puerilidade, é de se perguntar por que esta "Educação
Sentimental do Vampiro"
consta do currículo do Sesi e do
próprio Felipe Hirsch.
EDUCAÇÃO SENTIMENTAL DO VAMPIRO
Quando: de qua. a dom., às 20h; até 18/11
Onde: Teatro popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 3146-7405)
Quanto: R$ 3 (qua., qui. e dom. grátis)
Avaliação: péssimo
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