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"Quadrinhofilia" transita entre gêneros
Em antologia de HQs, José Aguiar reúne 15 histórias, que vão do terror à ficção baseada em fatos reais
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando você pensa em histórias em quadrinhos, qual gênero vem à sua mente? Humor,
ficção, terror, aventura? O curitibano José Aguiar, leitor e autor de HQs de longa data, aproveitou seu conhecimento sobre
quadrinhos e transitou por vários gêneros para compor seu
novo livro, "Quadrinhofilia".
A antologia reúne 15 histórias criadas entre 1996 e 2007,
para veículos diferentes e em
fases distintas da carreira de
José Aguiar. O resultado é eclético, o que possibilita ao leitor
viajar por ritmos e tipos de histórias bem diferentes.
Assim, há, por exemplo, o
conto de terror "O Gabinete do
Dr. Caligari", adaptação do
clássico filme do expressionismo alemão dirigido por Robert
Wiene, seguida por "Absoluto",
história sem os tradicionais balões de diálogos utilizados nos
quadrinhos -as letras e palavras são espalhadas pelos quadros, lembrando as páginas de
abertura do clássico "The Spirit", do norte-americano Will
Eisner (1917-2005).
Nem todas as histórias foram
concebidas só por Aguiar. "Genealogia do Mal ou "Eu Fui um
Bebê Diabo no ABC Paulista!'",
por exemplo, é um trabalho em
conjunto com Abs Moraes, que
trabalhou no roteiro, e Jairo
Rodrigues (arte-final).
Trata-se de uma ficção baseada em um fato real: um jornal publicou, nos anos 70, a
"notícia" de que um "menino-demônio", com direito a chifres, havia nascido e aterrorizado um hospital.
Era mentira,
mas a "notícia" fez sucesso,
causando curiosidade e uma repercussão que durou dias.
Duas das histórias mais interessantes têm traços autobiográficos. "Poréns da Vida Herdada dos Outros" é contada de maneira experimental. Os personagens não aparecem, apenas as reflexões do narrador.
Suas palavras são acompanhadas por ícones que não seguem
seqüência entre si, mas ilustram seu raciocínio.
A outra é "Quadrinhos em
Outras Bandas (Desenhadas)!",
que narra uma viagem de
Aguiar pela Alemanha e pela
França, pesquisando o mercado local de quadrinhos: feiras,
editoras, leitores, autores.
Narrada em primeira pessoa,
a história compara o Brasil à
Europa quanto às possibilidades para criadores e leitores de
quadrinhos. Não traz conclusões, mas impressões e comparações e ainda levanta perguntas que permanecem após o final da história.
Afinal, em um país rico em
idéias e estilos, como prova o
próprio "Quadrinhofilia", como é que o mercado brasileiro
de quadrinhos enfrenta esse tipo de crise?
QUADRINHOFILIA
Autor: José Aguiar
Editora: HQM Editora
Quanto: R$ 29,90 (92 págs.)
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