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Reportagem leva a novas cartas de Carlos Drummond
Após solicitação da Folha, correspondentes do poeta
espalhados no Brasil e no mundo enviam exemplares
Cópias do material estão
na Folha.com; também
chegaram cartas de João
Cabral de Melo Neto e
Campos de Carvalho
FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO
De Guaporé (RS), Rayane
avisou que a sua mãe tinha
"um belo acervo de cartas escritas por ele".
Apareceram correspondentes de São Paulo, Minas,
Rio de Janeiro, Alagoas e Pernambuco. Só de São Carlos
(SP) foram três, um deles indicado pela prima que mora
nos EUA. Manoel, mineiro
que vive em Angola, mandou
a sua.
Um colégio paulistano
anunciou que mantinha uma
carta dele em sua biblioteca,
"carta essa muito apreciada
por nossos alunos".
De Belo Horizonte, Nilene
escreveu: "Tenho a honra de
informá-los que possuo uma
carta de Carlos Drummond
de Andrade".
Solicitados pela Folha a
informar sobre cartas do poeta itabirano ou outros autores nacionais, em nove dias
24 leitores mandaram e-mails. Só dois tratavam de
outros escritores (João Cabral
e Campos de Carvalho).
Dos restantes, 12 enviaram, a pedido da reportagem, cópias digitalizadas de
uma das suas cartas. O painel
está na Folha.com.
A convocação surgiu com
reportagem, no dia 29 de
maio, que mostrava a amplitude da correspondência de
Drummond e a sua solicitude
em responder a todos que lhe
escreviam à procura de conselhos, diálogo ou afeto.
A busca resultou num mosaico originalíssimo. Os contatos serão enviados à família do poeta e à Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio,
que mantém o seu acervo.
SUICÍDIO
Em 1978, Sidney Wanderley venceu um concurso da
Academia Alagoana de Letras com um ensaio sobre suicídio na obra de Drummond.
Um amigo, dois anos depois, fez chegar o texto ao
poeta -que, com uma carta e
uma cópia do poema "Convite ao Suicídio", iniciou uma
troca mantida até 1987, ano
da sua morte.
Professor da USP, Luís Milanesi catalogava, em 1977,
obras de compositores brasileiros para a biblioteca da Escola de Comunicações e Artes e descobriu muitos poemas musicados de Drummond. Escreveu ao poeta informando, e mantiveram correspondência por oito anos.
"Eu amava perdidamente
um cara", conta a escritora
paulista Ivana Arruda Leite,
"e ele não queria saber de
mim. Era um poeta cerebral,
louco por Drummond".
Era 1983. Uma noite, de
porre, ela escreveu a Drummond contando tudo. A resposta, lenitiva, dizia: "Poeta
deve ser gente como a gente,
e não uma abstração".
Mãe de Rayane, de Guaporé, Helena Maria Balbinot Vicari cursava o magistério em
1961. Num almanaque com
endereços de escritores,
achou o de Drummond. Viraram amigos postais.
"Casei, mandava notícia
das crianças, lembranças no
aniversário. Era uma coisa
singela. Ele mandava quadrinhas, lembranças de Natal.
Afinal, durou 26 anos. Tenho
60 correspondências dele."
O colégio Ofélia Fonseca,
em Higienópolis, inaugurou
sua biblioteca em 1979 e a batizou de Carlos Drummond
de Andrade. Por isso escreveu-lhe. A carta em resposta
está numa moldura no local,
ao lado da foto do poeta.
Cartas e suas histórias
folha.com.br/il747277
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