São Paulo, Quarta-feira, 09 de Junho de 1999
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POLÍTICA CULTURAL
Encontro discutiu o cinema nacional em Florianópolis
Secretário do Audiovisual defende ação do MinC em evento

INÁCIO ARAUJO
enviado especial a Florianópolis

O 3º Florianópolis Audiovisual Cultural terminou na última sexta-feira tendo como personagem central José Álvaro Moisés, secretário para o Desenvolvimento do Audiovisual do MinC.
Moisés confirmou na quarta-feira sua presença na mesa "Políticas de Integração Audiovisual no Mercosul" (até lá, o representante designado pelo MinC para a mesa era José Francisco Pereira do Valle, coordenador de Audiovisual da mesma secretaria) e chamou a atenção para a necessidade "de observar o lado positivo dessas reuniões, não só os obstáculos".
Esse chamamento ao otimismo foi o início de uma defesa da ação do ministério para o setor -questionada em algumas mesas- e de um ataque à Folha, que relatou esse questionamento ao longo da semana.
Para Moisés, a atividade central do MinC consistiu, na gestão Francisco Weffort, em fazer "funcionar efetivamente" as leis de renúncia fiscal em que se baseia a captação de recursos para a produção cinematográfica, o que já permitiu, segundo seus números, a captação de R$ 280 milhões e a realização de 73 filmes.

Correção nas leis
Moisés contestou a idéia de que a política ministerial se restrinja a favorecer a produção e deixe de observar outros aspectos, como a dificuldade de os filmes brasileiros chegarem às salas de exibição.
Segundo ele, o momento é de promover correções nas leis de incentivos. O fato de ter sido proibida a revenda dos certificados audiovisuais foi visto por ele como uma conquista do MinC e da Lei do Audiovisual (essa revenda permitia a existência de "descontos", na prática uma maneira de o investidor colocar no filme menos do que o valor declarado).
Para o secretário do Audiovisual, existem ainda "pontos a serem enfrentados", como a necessidade de atentar à relação entre orçamento e receitas dos filmes e "redisciplinar a maneira de usar o dinheiro público", já que os filmes, "se usam dinheiro público, têm de ser vistos pelo público", sublinhando que a renúncia fiscal chega "às vezes a R$ 6 milhões ou R$ 7 milhões".
Isso não dependeria apenas da vontade dos realizadores: "Temos de enfrentar com clareza o fato de os nossos mercados estarem capturados por um só país" (os EUA). Para tanto, ele acredita ser necessário, no caso da produção, incluir nos orçamentos os custos de comercialização, para que cada filme tenha meios de se promover no momento de seu lançamento.
Para aperfeiçoar a distribuição, Moisés propõe a criação de um consórcio de distribuição de filmes latino-americanos, com ação internacional.
O secretário julga ainda necessário fazer crescer "a ocupação brasileira de seu próprio mercado", processo que acredita ter sido iniciado com a criação de uma linha de crédito do BNDES (de R$ 80 milhões para 1999) destinada, entre outros, à criação de salas e seu reequipamento.


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