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Furtado lidera ranking de curtas
AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
O filme gaúcho "Ilha das Flores" (1989), documentário experimental do cineasta Jorge Furtado sobre um lixão próximo a Porto Alegre (RS), foi eleito o mais importante curta-metragem brasileiro em eleição organizada pelo
site www.portacurtas.com.br.
Premiado em festivais pelo
mundo afora, incluindo um Urso
de Prata em Berlim, em 90, "Ilha"
já havia sido incluído em 1995 na
lista de cem melhores curtas da
história pelo Festival Internacional de Curtas-Metragens de Clermont-Ferrand, considerado o
"festival de Cannes do formato".
Furtado emplacou também o
terceiro posto, com a ficção "O
Dia em que Dorival Encarou a
Guarda" (86), co-dirigida por José
Pedro Goulart. Atual roteirista e
diretor ligado ao núcleo Guel Arraes, da Rede Globo, ele marca,
neste ano, sua estréia em longas-metragens com dois filmes:
"Houve uma Vez Dois Verões", já
lançado comercialmente no RS, e
"O Homem que Copiava".
A lista dos dez mais do curta nacional, votada por uma dezena de
críticos, programadores e cineastas, é heterodoxa em gêneros e
dispersa em épocas (veja lista ao
lado). Quatro dos escolhidos pertencem à chamada "primavera do
curta", da virada dos anos 80 até
meados dos 90. Dois são assinados por líderes do cinema novo.
Um traz a assinatura de um dos
pioneiros do cinema nacional, o
mineiro Humberto Mauro. Outro
representa o cinema marginal do
final da década de 60. Por fim,
dois outros marcam experiências
originais do início dos anos 80.
A relação destaca curtas com
um pé na experimentação. É um
justo retrato do poder de renovação tradicionalmente exercido
pelo formato no Brasil. Os principais exemplos são o protoclipe
"Velha a Fiar", de Mauro, o próprio "Ilha das Flores", "Blá, Blá,
Blá", de Andrea Tonacci, o subversivo "Mato Eles?", de Sérgio
Bianchi, e o ainda proibido "Di",
de Glauber Rocha. Com exceção
do curta anárquico de Tonacci,
poderiam ser todos considerados
variações de documentários.
Três curtas representam a produção ficcional: "Couro de Gato",
de Joaquim Pedro de Andrade, do
filme cinemanovista de episódios
"Cinco Vezes Favela"; o citado
"Dorival"; e "Dov'e Meneghetti",
de Beto Brant.
O cinema de animação emplacou dois títulos, exemplares de
técnicas distintas. São o desenho
"Meow", de Marcos Magalhães,
premiado no Festival de Cannes, e
a animação de bonecos "Frankenstein Punk", de Eliana Fonseca e Cao Hamburguer.
Um total de 60 curtas foi lembrado na votação. O projeto Porta-Curtas é uma iniciativa da distribuidora Synapse, coordenada
por Julio Worcman, Bruno Vianna e Gabriela Dias, e faz parte do
programa Petrobras Cinema.
O projeto pretende promover o
curta brasileiro através de uma série de ações, como a exibição pela
internet de um total de cem curtas
nacionais. A intenção original era
apresentar, já em agosto, todos os
dez mais votados. Problemas de
direitos e de duração com três deles ("Di", "Mato Eles?" e "Blá, Blá,
Blá") os exclui inicialmente do pacote on-line. Serão substituídos
por quatro outros títulos da lista:
os documentários "Som, ou Tratado de Harmonia" (84), de Arthur Omar, e "Rota ABC" (91), de Francisco César Filho, e as ficções "Viver a Vida" (91), de Tata Amaral, e "Cartão Vermelho" (94), de Laís Bodanski.
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