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ARTES PLÁSTICAS
Perto de completar 250 anos, instituição enfrenta queda de público e crise financeira
British Museum vive inferno astral
France Presse
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Visitantes na Great Court do British Museum, em Londres, que serve como salão de entrada para as galerias existentes no museu |
Diretor do museu, um dos mais tradicionais da Europa, diz que redução do turismo depois de 11 de setembro agravou problemas
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FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dificuldades para o financiamento de exposições e de manutenção não são problemas apenas dos museus brasileiros. No último mês, a greve de funcionários,
que por um dia parou o British Museum (BM) de Londres, foi a
ponta mais visível de uma crise financeira que prevê um déficit de
6,5 milhões de libras (cerca de R$
28 milhões) em 18 meses para a
instituição.
Foi por causa dessa previsão
que a direção do museu propôs o
corte de 15% de funcionários, medida suspensa após a greve. Tal situação dificulta a organização das
festividades programadas para o
próximo ano, quando o British
celebra 250 anos. Com um público anual de 4,6 milhões de visitantes, superior ao da Tate Gallery, o
museu busca escapar da crise.
No próximo ano, o Brasil deve
receber parte do acervo da instituição. "Nossa intenção é formalizar uma parceria de longo prazo,
que permita organizar várias exposições com o British", diz Edemar Cid Ferreira, presidente da
BrasilConnects.
No ano passado, a associação levou ao British a mostra "Amazônia Desconhecida". "Foi uma experiência exultante para nós", diz
Robert Anderson, novo diretor
do museu, por e-mail, à Folha, em
entrevista. Leia a seguir os melhores trechos.
Folha - As consequências de 11 de
setembro explicam os problemas
financeiros do BM?
Robert Anderson - A redução do
turismo, causada pela tragédia de
11 de setembro, é um dos fatores
motivadores dos problemas financeiros atuais. Mas há também
outras questões. A Biblioteca Britânica, que já foi parte do BM, deixou a nossa sede em 1998. Com isso, ganhamos mais 40% de espaço, mas nenhum apoio financeiro
do governo para administrá-lo. A
Great Court foi financiada pela loteria e empresas privadas, mas
tampouco ganhamos verba adicional para o local. No entanto, a
razão fundamental é o corte de
cerca de 30% no orçamento do
museu, em comparação a 1992.
Folha - No próximo ano, o British
Museum celebra 250 anos. O que
está programado?
Anderson - Aniversários dão a
oportunidade de rever o passado
e olhar para o futuro. Grandes novas galerias serão abertas em
2003. Uma delas é a Biblioteca Rei
George 3º, um edifício de 1827,
feito para receber os 65 mil livros
do rei. Os livros foram transferidos para a nova biblioteca, mas
nossa exposição irá mostrar como coleções auxiliavam o conhecimento no século 18 e como a
classificação da natureza e da produção humana pôde então ser feita. A sala será inaugurada em novembro.
Também abriremos o Museu
das Boas Vindas, ocupando a ala
norte do BM. Ele irá ocupar-se do
bem estar social de um ponto de
vista etnográfico. Teremos ainda
exposições temporárias de Dürer,
já a partir do fim deste ano, o que
inclui "London 1753" e "Arte e
Memória". Há várias datas importantes, mas a principal será o
dia 7 de junho, pois foi quando o
museu conquistou o termo real.
Folha - Como o BM tem buscado
recursos fora do governo?
Anderson - Criamos um setor no
museu para arrecadar fundos, em
1994, com 12 funcionários, que
têm por objetivo angariar recursos para o museu. Eles tiveram
grande sucesso para o desenvolvimento do prédio do Great Court
no coração do museu: 45 milhões
de libras [R$ 200 milhões" vieram
da loteria nacional e 65 milhões de
libras [R$ 288 milhões" de fontes
privadas. Em outros projetos
também obtivemos sucesso, como a Biblioteca do Rei, com um
orçamento total de 7 milhões de
libras [R$ 31 milhões". O BM acredita que a melhor forma de arrecadar fundos é ter uma assessoria
profissional e dedicada, que conduza uma pesquisa antes de aproximar-se de patrocinadores.
Folha - O setor de arte e educação
dos museus tem ocupado cada vez
mais espaço. É uma preocupação
do BM?
Anderson - O Departamento de
Educação tem crescido significativamente na última década no
BM, mas ele ainda não é amplo o
suficiente. Nós acreditamos que a
educação em museu deveria ser
possível a todos, não apenas a
crianças em idade escolar. É necessário implementar educação
permanente para adultos. Desde
2000, temos uma ótima instalação
de salas para educação, a Clore
Centre, com dois anfiteatros e cinco salas para seminários, além de
um centro para crianças.
Folha - A associação BrasilConnects propôs a criação de uma sala
permanente sobre arte brasileira.
Ela será viabilizada?
Anderson - Estamos contando
com a possibilidade de apresentar
nossa coleção sul-americana de
forma permanente e nosso curador da área, Colin McEwan, já
tem planos para tanto. Não temos
ainda suporte financeiro ou um
programa sobre quando ele se
concretizará. Assim, agora, posso
dizer que é apenas uma aspiração.
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