São Paulo, sábado, 09 de julho de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

Imagens inéditas de Thomaz Farkas e obras de Evandro Carlos Jardim festejam centenário do museu

Foto e gravura se destacam na Pinacoteca

TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Fotografia e gravura entram nas comemorações do centenário da Pinacoteca. Depois da mostra do escultor inglês Henry Moore, o museu recebe fotos inéditas de Thomaz Farkas e uma retrospectiva de Evandro Carlos Jardim.
As imagens de Farkas, 81, são registros coloridos de expedições feitas entre 1969 e 1974 para o Norte e o Nordeste. "Adoro o Brasil, sempre viajei muito e, naquela época, o [Paulo] Vanzoline me convidou para fazer um filme sobre o rio Negro", lembra.
O documentário que levou o grupo até lá nunca foi realizado porque os filmes se estragaram. "Guardei as latas fechadas com esparadrapo numa caixa de isopor com gelo, mas ele derreteu e a umidade entrou. Quando revelei, os filmes estavam sem cor."
Sobraram somente as fotos que estão na exposição -são cerca de cem, na mostra há 80.
"Tirei muitas fotos e guardei, mas nunca me incomodei com elas. Sempre trabalhei em preto-e-branco e não tive preocupação em mostrá-las. Um dia, estava mexendo nelas, e meu filho e [a curadora] Rosely Nakagawa me disseram que eu tinha que fazer uma exposição e um livro com o material", conta. "Acabei juntando outras imagens feitas em São Paulo e na Bahia."
As lembranças dessas viagens são sobretudo das pessoas e da simpatia do povo. "As pessoas olham para você com uma delicadeza. É a natureza da simpatia."
Para retratar essa impressão do fotógrafo, o curador Diógenes Moura escolheu o retrato de um homem para abrir a exposição. "É um símbolo, o homem brasileiro que ele [Farkas] gostaria de ser", afirma Moura.
"São pessoas maravilhosas. Tenho inveja de como elas vivem", diz Farkas. O fotógrafo voltou ao rio Negro há dois anos, desta vez, porém, fez somente registros familiares. Mas ele revela que ainda deseja trabalhar lá.
"Com 81 anos, você tem menos possibilidade, mas mais vontade de fazer as coisas."

São Paulo
Aos 70 anos, o gravurista Evandro Carlos Jardim mantém em alta sua produção. A série escolhida por Claudio Mubarac -também gravurista, ex-aluno de Jardim e responsável pela curadoria- para encerrar a exposição é a prova.
Realizado neste ano, o caderno "São Paulo Cidade, Sinais, Manchas e Sombras" é composto por 43 conjuntos de gravuras, impresso em papel manilha cor-de-rosa.
"A série é, ao mesmo tempo, delicada e bruta. São como cordéis, não tem um enquadramento, e são estampas muito vivas", opina o curador. "É uma bonita crônica da cidade e também do meio, já que ele usa ao extremo as possibilidades, ativando todos os mecanismos gráficos possíveis."
Mubarac destaca ainda a série "Figuras Jacentes". Usando a mesma placa de cobre, ele produziu diferentes tiragens, acrescentando ou retirando elementos, como um tinteiro, um vidro de perfume, uma casa, uma paisagem.
Alguns dos temas desse "work-in-progress" pode ser encontrado na obra recente de Jardim.


Thomaz Farkas, Evandro Carlos Jardim, Paulo von Poser e Carla Zaccagnini
Quando: a partir de hoje, às 11h; de ter. a dom., das 10h às 17h30; até 14/8 (Carla) e até 28/8 (demais mostras)
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, Bom Retiro, tel. 3229-9844)
Quanto: R$ 4 e entrada franca aos sábados



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