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ARTES PLÁSTICAS
Imagens inéditas de Thomaz Farkas e obras de Evandro Carlos Jardim festejam centenário do museu
Foto e gravura se destacam na Pinacoteca
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Fotografia e gravura entram nas
comemorações do centenário da
Pinacoteca. Depois da mostra do
escultor inglês Henry Moore, o
museu recebe fotos inéditas de
Thomaz Farkas e uma retrospectiva de Evandro Carlos Jardim.
As imagens de Farkas, 81, são
registros coloridos de expedições
feitas entre 1969 e 1974 para o
Norte e o Nordeste. "Adoro o Brasil, sempre viajei muito e, naquela
época, o [Paulo] Vanzoline me
convidou para fazer um filme sobre o rio Negro", lembra.
O documentário que levou o
grupo até lá nunca foi realizado
porque os filmes se estragaram.
"Guardei as latas fechadas com
esparadrapo numa caixa de isopor com gelo, mas ele derreteu e a
umidade entrou. Quando revelei,
os filmes estavam sem cor."
Sobraram somente as fotos que
estão na exposição -são cerca de
cem, na mostra há 80.
"Tirei muitas fotos e guardei,
mas nunca me incomodei com
elas. Sempre trabalhei em preto-e-branco e não tive preocupação
em mostrá-las. Um dia, estava
mexendo nelas, e meu filho e [a
curadora] Rosely Nakagawa me
disseram que eu tinha que fazer
uma exposição e um livro com o
material", conta. "Acabei juntando outras imagens feitas em São
Paulo e na Bahia."
As lembranças dessas viagens
são sobretudo das pessoas e da
simpatia do povo. "As pessoas
olham para você com uma delicadeza. É a natureza da simpatia."
Para retratar essa impressão do
fotógrafo, o curador Diógenes
Moura escolheu o retrato de um
homem para abrir a exposição. "É
um símbolo, o homem brasileiro
que ele [Farkas] gostaria de ser",
afirma Moura.
"São pessoas maravilhosas. Tenho inveja de como elas vivem",
diz Farkas. O fotógrafo voltou ao
rio Negro há dois anos, desta vez,
porém, fez somente registros familiares. Mas ele revela que ainda
deseja trabalhar lá.
"Com 81 anos, você tem menos
possibilidade, mas mais vontade
de fazer as coisas."
São Paulo
Aos 70 anos, o gravurista Evandro Carlos Jardim mantém em alta sua produção. A série escolhida
por Claudio Mubarac -também
gravurista, ex-aluno de Jardim e
responsável pela curadoria- para encerrar a exposição é a prova.
Realizado neste ano, o caderno
"São Paulo Cidade, Sinais, Manchas e Sombras" é composto por
43 conjuntos de gravuras, impresso em papel manilha cor-de-rosa.
"A série é, ao mesmo tempo, delicada e bruta. São como cordéis,
não tem um enquadramento, e
são estampas muito vivas", opina
o curador. "É uma bonita crônica
da cidade e também do meio, já
que ele usa ao extremo as possibilidades, ativando todos os mecanismos gráficos possíveis."
Mubarac destaca ainda a série
"Figuras Jacentes". Usando a
mesma placa de cobre, ele produziu diferentes tiragens, acrescentando ou retirando elementos, como um tinteiro, um vidro de perfume, uma casa, uma paisagem.
Alguns dos temas desse "work-in-progress" pode ser encontrado
na obra recente de Jardim.
Thomaz Farkas, Evandro Carlos
Jardim, Paulo von Poser e Carla
Zaccagnini
Quando: a partir de hoje, às 11h; de ter.
a dom., das 10h às 17h30; até 14/8
(Carla) e até 28/8 (demais mostras)
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da
Luz, 2, Bom Retiro, tel. 3229-9844)
Quanto: R$ 4 e entrada franca aos
sábados
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