Tecno de Berlim sobe no bondinho da Urca

LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

De uma caixa de concreto que mais parecia um enorme cofre de banco para uma das vistas mais deslumbrantes do mundo.
Ou melhor, do clube de tecno mais famoso do mundo, o extinto Tresor, de Berlim, para o alto do morro da Urca, no Rio, que recebe, pela segunda vez, a Delírio, festa que tenta colocar a "cidade maravilhosa" no circuito internacional de música eletrônica.
E até que vem conseguindo. Hoje, nos toca-discos, se apresenta o DJ alemão Rok, 44, homem que sugeriu o nome Tresor (cofre, em alemão), ao clube de tecno que foi inaugurado em 1990 e durou até o início deste ano.
Mas a história de Rok é ainda mais antiga. Quando Berlim ainda tinha um muro, ele já tocava tecno no primeiro clube dedicado ao estilo na Alemanha, o UFO.
"Vou tocar na montanha onde fica a estátua de Cristo, certo?", pergunta o DJ à reportagem da Folha. Errado, mas é certo que a noite será imperdível, já que Rok afirma não se importar em mostrar grandes novidades. "Meu set traz um pouco de tudo o que eu tenho tocado desde que comecei. O importante é tocar boas músicas, que funcionem na pista."
Imagine, nos anos 70, ser adolescente e viver em uma casa em que seus pais eram fãs de Kraftwerk. Isso só era possível na Alemanha e, é claro, foi a grande influência de Rok para seguir carreira como DJ.
"Lembro da dificuldade de encontrar discos para tocar, no final dos anos 80. Passava pelo menos três dias da semana garimpando lojas de discos para muitas vezes sair sem nenhum vinil. O pior era quando você descobria que o disco que estava procurando tinha acabado de ser vendido. Hoje, você encontra tudo em qualquer lugar do mundo", afirma.
Atualmente, a dificuldade de Rok é outra. "É complicado escolher um bom disco hoje porque há muita oferta e é tudo muito parecido. Quase não há muitas músicas realmente novas."
Com duas pistas, uma em ambiente fechado e outra coberta por uma tenda, a Delírio também trará o DJ canadense de house Rob Brown e o sueco Joel Mull, que toca tecno. Completam o "line-up" os brasileiros Leo Janeiro, Robinho e Gustavo Tatá, de house, e Eduardo Christoph e Renato Bastos, de tecno.
O ideal é chegar cedo, pois o único jeito de subir o morro da Urca é pelo bondinho, e a fila foi grande e lenta na primeira edição da festa. A organização promete agilizar a entrada do público desta vez. Além disso, a festa termina cedo, às 6h, o que é bom, pois proporciona uma vista incrível do sol nascendo na praia Vermelha.