|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Osesp embala aniversário da Sala SP
Concerto desta noite, com ingressos esgotados, vai celebrar os dez anos do principal espaço de música erudita do país
Projeto atraiu orquestras e maestros de renome internacional, mas não conseguiu melhorar o entorno do local da sede
ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Inaugurada em 9 de julho de 1999, a Sala São Paulo festeja sua primeira década de música nesta noite com um concerto de gala da dona da casa, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, regida pelo francês Yan Pascal Tortelier.
Principal palco para música erudita do país, a sala foi concebida para sediar a Osesp na fase musical iniciada em 1997, sob o comando do maestro John Neschling.
Entre seus principais atributos está o de possuir uma excelente acústica, devido a seu formato retangular. A sala já atraiu grandes orquestras do mundo, como as filarmônicas de Viena, Israel e Nova York, regidas por maestros de fama global como Daniel Barenboim e Kurt Masur.
Aplausos e superlativos, no entanto, não ajudaram a resolver o problema crucial da região onde a sala se encontra: a violência e a insegurança geradas pela Cracolândia vizinha. O então governador Mário Covas dizia, na época da inauguração da sala, que a obra acabaria com a Cracolândia. Dez anos se passaram, outros importantes equipamentos culturais como a Pinacoteca, Museu da Língua Portuguesa e Estação Pinacoteca foram abertos ali, mas os problemas são os mesmos.
A maioria das pessoas que assistem a um concerto na Sala São Paulo chega em seu carro, estaciona dentro do Complexo Cultural Júlio Prestes, vê a apresentação e sai correndo dali, protegida, dentro do carro.
Ao falar à Folha recentemente sobre o projeto do futuro complexo cultural que será erguido em frente à estação Júlio Prestes, o secretario de Cultura do estado, João Sayad, chamou a Sala São Paulo de bunker. Entrevistado sobre os dez anos da sala, o secretário repetiu a definição de bunker.
"Ela tem que ser um bunker mesmo, mas a expectativa é que deixe de ser. É difícil sair daqui de noite e andar a pé pelas ruas. Mas isto não diminui as qualidades da Sala São Paulo e os efeitos que ela teve na música de concerto no Brasil. Mesmo que urbanisticamente ainda não se tenha conseguido o que se almejava quando a construíram", disse à Folha.
Para o arquiteto e urbanista Jorge Wilheim, nenhum dos equipamentos culturais que foram abertos na região da Luz nos últimos anos tem o poder de acabar de vez com os problemas da Cracolândia:
"Todos recebem muitos visitantes, no entanto, o restante do bairro não deixou de ter crianças puxando fumo. Para se ter um bairro vivo é necessário que existam atividades cotidianas, durante o dia. É necessário que existam moradores e um projeto urbano que leve gente a trabalhar e a morar ali. Depois estes elementos culturais passam a se integrar."
O concerto desta noite, para o qual os ingressos já estão esgotados, será exibido a partir das 23h10, na TV Cultura.
OSESP
Quando: hoje, 21h
Onde: Sala São Paulo (Praça Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/3223-3966)
Quanto: de R$ 30 a R$ 104 (ingressos esgotados)
Classificação: 7 anos
Texto Anterior: "Arte serve para criar utopias possíveis" Próximo Texto: Análise: Nem tudo é festa nesta noite Índice
|