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"LA SERVA PADRONA"
Atriz principal foi cantora de punk rock
da Sucursal do Rio
Carla Camurati vê Serpina, a
criada que trama para conquistar
seu patrão Uberto em "La Serva
Padrona", como uma mulher decidida, que sabe o que quer e diz o
que pensa.
"Ela é contemporânea. Deve ter
sido o ideal de mulher de todas as
mulheres de 1733. Serpina é decidida e atrevida. Fico imaginando,
na época, a torcida da platéia feminina para que ela conseguisse dobrar Uberto", diz a diretora.
Decidida também é Sílvia Klein,
28, a soprano que interpreta Serpina no filme. Apesar de jamais ter
atuado em cinema, Klein aceitou
imediatamente o convite de Camurati para fazer o filme.
"Não me deslumbro com nada.
Não vi mistério nenhum em aceitar a proposta para fazer cinema",
afirma. Para a soprano, as filmagens de "La Serva Padrona" lhe
ensinaram uma forma "diferente" de trabalhar.
"Com certeza, é um pouco mais
difícil e cansativo do que uma encenação teatral, porque é preciso
repetir várias vezes a mesma cena
para que se possa mudar a posição
das câmeras. É diferente, mas
também é divertido", diz.
Antes da decisão de participar de
um filme, a soprano já havia tomado outra decisão em sua vida:
há dez anos havia trocado o punk
rock pela música erudita.
"Comecei como cantora em
bandas de garotas, fazendo shows
underground. Mas chegou um
momento em que tive de escolher
entre o punk e o erudito. Fiquei
com o que me dava mais prazer: o
erudito", diz a ex-vocalista de grupos como "Martelo das Feiticeiras" e "Desculpe Neném".
Sílvia Klein mora em Belo Horizonte, cidade onde encenou "La
Serva Padrona", sob a direção de
Camurati, e onde foram realizadas
grande parte das filmagens -o
restante foi filmado no teatro João
Caetano, no centro do Rio.
Klein e a diretora já se conheciam quando Camurati foi convidada para dirigir a encenação.
"Os organizadores queriam trazer uma italiana para o papel, mas
Carla disse que o papel era meu. Se
não fosse isso, não tinha chegado
ao cinema", relembra a cantora.
"La Serva Padrona" não foi sua
primeira ópera -já havia participado de montagens de "La Bohème" e "A Viúva Alegre"-, mas
foi só ao ser convidada pela diretora que soube da existência da ópera de Pergolesi. "Encantei-me
com as óperas bufas. É um repertório desconhecido e com grande
qualidade artística", diz Klein.
Grupo Galpão
O trabalho no filme dirigido por
Carla Camurati incentivou Sílvia
Klein a procurar aprimorar seu
trabalho interpretativo. A soprano
agora está estudando teatro com o
grupo Galpão, de Belo Horizonte.
"Aprendi com Carla sobre colocação cênica e como olhar para as
câmeras", diz Klein, que traça planos para o futuro com a diretora.
Camurati foi convidada para dirigir um concerto que Klein, o
maestro Sílvio Viegas (coordenador musical de "La Serva Padrona") e o pianista Wagner Sander
(que faz parte da orquestra de câmara que participou do filme)
pretendem fazer.
A intenção é unir trabalhos de
compositores brasileiros eruditos
-como Villa-Lobos e Carlos Gomes- com os populares dos anos
40 e 50 -Ari Barroso, Cartola.
"Vamos tentar emplacar isso no
segundo semestre", diz Klein.
(CRISTINA GRILLO)
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