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CONTOS MÍNIMOS
Passando
batom
HELOISA SEIXAS
No minúsculo retângulo
do espelho, vê o batom deslizar sobre seus lábios, primeiro o de cima, depois o de
baixo. No mesmo instante, a
boca, assim pintada, torna-se mais sensual, mais viva. E ela sorri, satisfeita. Mas
de repente um pensamento
lhe vem toldar a visão daqueles lábios vermelhos. Ele
não gostava de batom. Durante os anos em que foram
amantes, ele jamais deixou
que ela pintasse os lábios.
Nunca entendera por quê,
mas agora -somente agora,
tantos anos depois- compreendia. Uma distração e a
mancha de batom no colarinho o denunciaria. Sim, porque ele era casado.
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