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"CHATÔ"
Inadimplente, ator sofre despejo e move ação por perdas e danos contra proprietário por divulgar fato à imprensa
Guilherme Fontes
volta à Justiça
como réu e vítima
DA REPORTAGEM LOCAL
Réu condenado ao despejo em
uma ação na Justiça do Rio na segunda-feira, o ator Guilherme
Fontes, 34, prepara o revide no
mesmo foro. Desta vez, figurará
como parte lesada que requer indenização por perdas e danos
contra Cláudio Petraglia, 70, presidente da Associação Pólo de Cine e Vídeo, que o despejou.
De acordo com a assessoria de
Fontes, o ator não nega a inadimplência -desde maio de 99 não
pagava o aluguel (de R$ 16 mil
mensais) dos 600 m2 de um dos
estúdios da associação, em Jacarepaguá, onde guardava material de "Chatô", cujas filmagens foram
interrompidas na mesma data.
Mas Fontes processará Petraglia, que é diretor-geral da TV
Bandeirantes Regional, por ter
destacado uma equipe de sua
emissora para a cobertura jornalística do despejo e avisado à imprensa carioca da data de execução da ação, expondo-o publicamente. "Não era o Cláudio Petraglia quem estava falando, mas a associação. É a associação quem
está se defendendo. E Fontes também foi ouvido na TV Bandeirantes", diz Petraglia. A assessoria de
Fontes informou que, por orientação de seus advogados, o ator
não se pronunciará até o ingresso
da ação na Justiça.
Petraglia diz que o primeiro
contrato de aluguel foi firmado
em agosto de 98 e cumprido adequadamente até fevereiro de 99,
quando foi assinado um segundo
contrato, válido por 12 meses e
com possibilidade de prorrogação por mais um trimestre.
"Desde maio de 99, quando ele
deixou de pagar, propus que
transferisse o material para outro
estúdio em acabamento, no mesmo local, liberando o que estava
pronto para que eu pudesse alugá-lo. Mas ele não quis negociar e arrastou isso durante 27 meses.
Fiquei sem saída e há dez meses
entrei com uma ação de despejo."
Petraglia diz que a Associação
Pólo de Cine Vídeo e Comunicação foi fundada por ele, há 12
anos, como uma "associação privada sem fins lucrativos, para o
incentivo da produção independente de cinema" e que hoje conta
com 104 empresas associadas.
"Muitos projetos, como "O Xangô de Baker Street", "Xuxa Popstar", "Minha Vida em Suas Mãos" e
"Outras Estórias", utilizaram nossos estúdios. Acho muito triste haver um filme inacabado como
"Chatô", porque isso compromete
todo o cinema nacional. Se o Guilherme Fontes está dizendo que
vai entrar com uma ação contra
mim, vou entrar com outra contra ele também e cobrar todo o
aluguel atrasado", diz Petraglia.
O projeto "Chatô", que envolve
a produção de um longa-metragem baseado no livro "Chatô - O
Rei do Brasil", de Fernando Morais, e uma série de vídeos sobre
os 500 anos de história do Brasil,
está orçado em R$ 12 milhões e
captou R$ 8,41 milhões de 13 empresas, com benefício das leis
Rouanet e do Audiovisual. Fontes
afirma que tem 80% do filme concluído e necessita de mais US$ 2
milhões para captação adicional
de imagens e finalização.
Acusado pelo Ministério da
Cultura de emprego indevido do
dinheiro, Fontes foi desautorizado a captar mais recursos e responde a uma Tomada de Contas
Especial, procedimento de inspeção da Secretaria Federal de Controle, do Ministério da Fazenda.
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