São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2001

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"CHATÔ"

Inadimplente, ator sofre despejo e move ação por perdas e danos contra proprietário por divulgar fato à imprensa

Guilherme Fontes volta à Justiça como réu e vítima

DA REPORTAGEM LOCAL

Réu condenado ao despejo em uma ação na Justiça do Rio na segunda-feira, o ator Guilherme Fontes, 34, prepara o revide no mesmo foro. Desta vez, figurará como parte lesada que requer indenização por perdas e danos contra Cláudio Petraglia, 70, presidente da Associação Pólo de Cine e Vídeo, que o despejou.
De acordo com a assessoria de Fontes, o ator não nega a inadimplência -desde maio de 99 não pagava o aluguel (de R$ 16 mil mensais) dos 600 m2 de um dos estúdios da associação, em Jacarepaguá, onde guardava material de "Chatô", cujas filmagens foram interrompidas na mesma data.
Mas Fontes processará Petraglia, que é diretor-geral da TV Bandeirantes Regional, por ter destacado uma equipe de sua emissora para a cobertura jornalística do despejo e avisado à imprensa carioca da data de execução da ação, expondo-o publicamente. "Não era o Cláudio Petraglia quem estava falando, mas a associação. É a associação quem está se defendendo. E Fontes também foi ouvido na TV Bandeirantes", diz Petraglia. A assessoria de Fontes informou que, por orientação de seus advogados, o ator não se pronunciará até o ingresso da ação na Justiça.
Petraglia diz que o primeiro contrato de aluguel foi firmado em agosto de 98 e cumprido adequadamente até fevereiro de 99, quando foi assinado um segundo contrato, válido por 12 meses e com possibilidade de prorrogação por mais um trimestre.
"Desde maio de 99, quando ele deixou de pagar, propus que transferisse o material para outro estúdio em acabamento, no mesmo local, liberando o que estava pronto para que eu pudesse alugá-lo. Mas ele não quis negociar e arrastou isso durante 27 meses. Fiquei sem saída e há dez meses entrei com uma ação de despejo."
Petraglia diz que a Associação Pólo de Cine Vídeo e Comunicação foi fundada por ele, há 12 anos, como uma "associação privada sem fins lucrativos, para o incentivo da produção independente de cinema" e que hoje conta com 104 empresas associadas.
"Muitos projetos, como "O Xangô de Baker Street", "Xuxa Popstar", "Minha Vida em Suas Mãos" e "Outras Estórias", utilizaram nossos estúdios. Acho muito triste haver um filme inacabado como "Chatô", porque isso compromete todo o cinema nacional. Se o Guilherme Fontes está dizendo que vai entrar com uma ação contra mim, vou entrar com outra contra ele também e cobrar todo o aluguel atrasado", diz Petraglia.
O projeto "Chatô", que envolve a produção de um longa-metragem baseado no livro "Chatô - O Rei do Brasil", de Fernando Morais, e uma série de vídeos sobre os 500 anos de história do Brasil, está orçado em R$ 12 milhões e captou R$ 8,41 milhões de 13 empresas, com benefício das leis Rouanet e do Audiovisual. Fontes afirma que tem 80% do filme concluído e necessita de mais US$ 2 milhões para captação adicional de imagens e finalização.
Acusado pelo Ministério da Cultura de emprego indevido do dinheiro, Fontes foi desautorizado a captar mais recursos e responde a uma Tomada de Contas Especial, procedimento de inspeção da Secretaria Federal de Controle, do Ministério da Fazenda.


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