VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A poucas semanas das eleições, o festival Porto Alegre em Cena, cuja 11ª edição abre amanhã, traz um espetáculo que expõe as fraturas de uma sociedade dita democrática, aqui ou alhures.
"En un Sol Amarillo" (Em um Sol Amarelo), montagem do grupo boliviano Teatro de los Andes, retrata a corrupção em pleno terremoto de 1998 que abalou cidades camponesas daquele país.
Em meio a mortos, feridos e casas destruídas, houve políticos, autoridades e mesmo representantes da comunidade que se apropriaram da verba enviada pelo governo federal e por órgãos internacionais, que somou cerca de US$ 42 milhões.
Os atores e o dramaturgo e diretor César Brie foram até as cidades. Colheram depoimentos das vítimas, funcionários públicos, jornalistas, juizes, políticos, enfim, vozes que resultaram na peça e no dossiê com 20 casos específicos de corrupção na seqüência do terremoto, com o devido "nome aos bois", impunes. O documento é distribuído ao espectador a cada sessão.

Estrangeiros
O grupo Los Andes (1991) é um dos sete estrangeiros no Em Cena, entre eles: Teatro Sunil (Suíça), Tascabile de Bergamo (Itália) e o Thalia Theater (Alemanha).
Entre os grupos nacionais, vão: Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, cia. Amok e cia. dos Atores (do RJ); Lume e Boa Cia. (Campinas); e Folias d'Arte, Pia Fraus, cia São Jorge de Variedades (SP) e outros. Tudo somado, serão 46 peças.
Sob coordenação de Ramiro Silveira, o festival é uma realização da Prefeitura de Porto Alegre. O orçamento total do evento é de R$ 1,6 milhão.