São Paulo, domingo, 09 de setembro de 2007

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Mônica Bergamo

@ - bergamo@folhasp.com.br

Guatelli/Folha Imagem
A atriz, que nos bastidores da peça é chamada de Marilyn Monroe pelos colegas


Juliana Monroe

A atriz Juliana Paes, que estréia no teatro em SP, usa peruca para encarnar sueca, defende os comerciais de cerveja e diz que o corpo feminino tem que ser mostrado

Juliana Paes está no camarim do Tom Brasil, em SP, onde estréia no sábado, 15, o musical "Os Produtores", uma peça sobre dois vigaristas que fazem "o pior espetáculo da Broadway" e fogem para o Rio com o dinheiro da produção. A atriz será a dançarina sueca Ulla, estrela do tal "pior espetáculo".

 

Ela usa uma touca na cabeça. A rede segura seus cabelos castanhos para que receba a peruca loura de sua personagem. A atriz se recusa a ser fotografada com o acessório. "Vocês querem acabar com a minha carreira? Não vou deixar fazer "Seu Boneco'!", diz, referindo se ao menino de rua da "Escolinha do Professor Raimundo", que sempre usava touca.
 

"Já viram a Jennifer Lopez ou a Madonna de redinha? Então não vão me ver." O rádio toca. "Quem está me gritando? Ah, é o Dudu [o namorado Carlos Eduardo Baptista]. Oi, amor! Adorei o seu torpedo. Mas não posso falar agora. "Tô" fazendo umas coisas com a imprensa".
 

Juliana, 28, disfarça a rede do cabelo com um lenço. Empurra as sandálias. "Tira essas havaianas daí para não aparecer na fotografia!". Também não quer ser fotografada tomando Coca-Cola light -ela tem contrato com a concorrente AmBev.
 

Garota-propaganda de cerveja, diz que bebe "vinho. E não largo minha cervejinha. Mas não tenho nada mais para falar sobre isso, na boa". Ela defende o produto que anuncia: "Acho negativo quando relacionam bebida com acidentes. É superviável beber sem encher a cara, é perfeitamente saudável".
 

"Não consigo deixar a unha crescer e por isso uso essa, postiça", diz a uma produtora da peça. "Mas não escreve que a unha é falsa porque sou garota-propaganda da Colorama". Peruca na cabeça, ela diz que "nunca quis ser loira, nem quando era adolescente. Mas agora acho que vou pintar. Odeio peruca". Um colega de elenco observa: "Você está muito Marilyn [Monroe]".
 

Juliana almoça filé de frango com salada de alface, tomate e pepino. Deixa o prato pela metade, porque a programação era extensa: editorial de moda para uma revista, fotos para o programa da peça e ensaio das músicas com a orquestra.
 

Ela experimenta quatro figurinos -dois deles, vestidos justos que evidenciam seu bumbum. "A mulher é uma coisa bonita de ser ver, tem que ser mostrada. É diferente do homem. O corpo masculino não tem apelo estético", explica.
 

Para ela, a programação de TV está "um tom acima", mas "por excesso de violência, não de sexo". "As cenas mais apelativas estão no "Jornal Nacional'", diz. Desce as escadas para o palco e um segurança não resiste: "Ela é tudo de bom.com.br", diz ele.
 

"Já estou paulista, dando um beijo só", diz Juliana, que mora no Rio, mas fixou residência temporária em SP por causa da peça. "Só vou do ensaio para o hotel", diz. Há duas semanas, deu uma "esticada" em uma festa, mas saiu às 2h, "quando estava começando a ficar bom".
 

"Que é isso? Levou uma surra?" É Miguel Falabella, protagonista e diretor da peça, quando Juliana chega, com a peruca despenteada, para as fotos do catálogo. Ele reclama da ausência de ar-condicionado e da presença de fotógrafos no palco: "Como é que a gente vai fazer um espetáculo assim?". No intervalo, brinca ao ver Juliana com um sanduíche. "Olha o regime! Vai ter quadril sobrando em cena."
 

Quando a atriz foi testada para o papel de Ulla -substituindo Danielle Winits, que engravidou -, Falabella não quis participar da escolha, por ter "várias amigas concorrendo", como Emanuelle Araújo e Luciana Vendramini. "Mas a personagem escolhe o intérprete. Era para ser da Juliana. Ela trouxe tesão e energia para o espetáculo", diz ele.
 

Juliana, estreante no teatro, já se enturmou com os "colegas de classe". Tanto que pediu para dividir o camarim com o ator Sandro Christopher. "Como era sua estréia, acho que ela não quis ficar sozinha", diz ele.
 

Sandro mostra o espaço. "Temos dois toaletes [no camarim], então não vai ter problema de um levantar e o outro abaixar a tampa do vaso", brinca. Ao lado, estão as araras de figurinos -os dela são oito - e sapatos com o nome da atriz
 

"Muita gente questionou se eu podia fazer um musical. Dancei e fiz canto a minha vida inteira. Não sei o que vai acontecer, mas fiz minha parte. Estou aqui para o que der e vier", diz ela.
 

Falabella tranqüiliza a equipe. Adaptações de musicais da Broadway, afirma, "têm pouco processo criativo. É um trabalho pizza hut. Tem que ficar igual ao original americano". Juliana, portanto, só tem que ficar mais branquinha, para interpretar a dançarina sueca. Tarefa fácil, já que São Paulo não tem praia.

reportagem DIÓGENES CAMPANHA

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