São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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comida

Prova de fogo

Crítico da Folha avalia o cardápio completo de quatro dos mais caros participantes da Restaurant Week; a maioria passa no teste

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Quando a Restaurant Week nasceu em Nova York, há 18 anos, seus criadores miravam os 1.500 jornalistas que cobririam a convenção do Partido Democrata.
Como levar esse público importante (mas com mirradas diárias de alimentação) aos bons restaurantes? Bastava que esses fizessem menus promocionais, mas representativos de seu estilo e qualidade.
Trazida ao Brasil, eu cheguei a participar na escolha de restaurantes da RW no início. Não funcionou: sem patrocínio, o evento dependia da adesão dos restaurantes e não conseguia ter rigor na seleção (nem eliminar quem pisava na bola).
Ainda hoje, reunir 200 endereços (em Nova York, com muito mais casas de qualidade, são 260), sugere um inchaço. Mas um giro por restaurantes caros desta edição, que acaba neste domingo, mostra um bom panorama.
Um problema recorrente é o atendimento. Mas basta se preparar, por exemplo, adotando sistema de reservas, como vem sendo feito. O serviço foi satisfatório em todos os lugares (nos horários mais cedo sempre é melhor -às vezes, até rápido demais...).
Senti também um esmero nessas cozinhas. Claro que trufas, foie gras, nem pensar. Mas tampouco aquelas roubadas tipo tomate na entrada e papaia de sobremesa. Mesmo pratos mais simples podem revelar refinamento.
A exceção foi o Canvas. Não por economia de ingredientes, mas o desempenho foi fraco. Entrada sem graça (folhas, folhado de frango defumado) e um linguado insosso, com purê de feijão-branco -tudo seco.
Já o Picchi preparou o trivial com refinamento. Tortelli de mozarela de búfala com molho de tomate e manjericão, a massa aberta exibindo o recheio, enchendo os olhos e o paladar. Bife com batatas? O aroma do molho de vinho tinto mostrava que ele foi feito com tempo e cuidados.
O La Vecchia Cucina apostou no evento: serviu um banquete. Se a promoção inclui uma entrada, aqui são duas, uma fria (vitela com molho de atum) e uma quente (tagliatelle com polpetines, berinjela, tomates frescos e pecorino), antes do prato (pernil de vitela não precisava repetir a carne...- ou um peixe).
No Shintori o resultado é desigual -sushis somente de salmão são normais em rodízios populares, mas aqui, não poderia ter outros peixes? Melhor o sukiyaki, preparado à mesa. A opção vegetariana é bem bolada, embora o tempura (um dos itens) tenha massa pesada.
Ainda há queixas de roubadas na Restaurant Week. Mas pelo menos em boas casas não é regra geral.


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