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comida
Prova de fogo
Crítico da Folha avalia o cardápio completo de quatro dos mais caros participantes da Restaurant Week; a maioria passa no teste
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Quando a Restaurant
Week nasceu em Nova York,
há 18 anos, seus criadores
miravam os 1.500 jornalistas
que cobririam a convenção
do Partido Democrata.
Como levar esse público
importante (mas com mirradas diárias de alimentação)
aos bons restaurantes? Bastava que esses fizessem menus promocionais, mas representativos de seu estilo e
qualidade.
Trazida ao Brasil, eu cheguei a participar na escolha
de restaurantes da RW no início. Não funcionou: sem patrocínio, o evento dependia
da adesão dos restaurantes e
não conseguia ter rigor na seleção (nem eliminar quem pisava na bola).
Ainda hoje, reunir 200 endereços (em Nova York, com
muito mais casas de qualidade, são 260), sugere um inchaço. Mas um giro por restaurantes caros desta edição,
que acaba neste domingo,
mostra um bom panorama.
Um problema recorrente é
o atendimento. Mas basta se
preparar, por exemplo, adotando sistema de reservas,
como vem sendo feito. O serviço foi satisfatório em todos
os lugares (nos horários mais
cedo sempre é melhor -às
vezes, até rápido demais...).
Senti também um esmero
nessas cozinhas. Claro que
trufas, foie gras, nem pensar.
Mas tampouco aquelas roubadas tipo tomate na entrada
e papaia de sobremesa. Mesmo pratos mais simples podem revelar refinamento.
A exceção foi o Canvas.
Não por economia de ingredientes, mas o desempenho
foi fraco. Entrada sem graça
(folhas, folhado de frango
defumado) e um linguado insosso, com purê de feijão-branco -tudo seco.
Já o Picchi preparou o
trivial com refinamento. Tortelli de mozarela de búfala
com molho de tomate e manjericão, a massa aberta exibindo o recheio, enchendo os
olhos e o paladar. Bife com
batatas? O aroma do molho
de vinho tinto mostrava
que ele foi feito com tempo
e cuidados.
O La Vecchia Cucina apostou no evento: serviu um
banquete. Se a promoção inclui uma entrada, aqui são
duas, uma fria (vitela com
molho de atum) e uma quente (tagliatelle com polpetines, berinjela, tomates frescos e pecorino), antes do prato (pernil de vitela não precisava repetir a carne...- ou
um peixe).
No Shintori o resultado é
desigual -sushis somente de
salmão são normais em rodízios populares, mas aqui,
não poderia ter outros peixes? Melhor o sukiyaki, preparado à mesa. A opção vegetariana é bem bolada, embora o tempura (um dos
itens) tenha massa pesada.
Ainda há queixas de roubadas na Restaurant Week.
Mas pelo menos em boas casas não é regra geral.
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