São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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CRÍTICA RESTAURANTE

Las Favas tem menu atraente e plural

Casa é comandada pelo chef Caio Henri Santos, que já passou pela cozinha do Palácio do Planalto

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

A Vila Madalena, famosa pelos bares e por lugares informais e juvenis, de um tempo para cá passou a abrigar também endereços mais gastronômicos. O Las Favas Contadas combina um pouco dos dois: um espaço despojado e meio alternativo que serve boa comida.
Ali funcionou um bar, o Tocador de Bolachas, e seu espírito continua no ar: o som do restaurante é alimentado por um toca-discos de vinil, com clássicos da música brasileira.
O espaço é fracionado, aproveitando uma antiga casa onde há mesas por diferentes ambientes, fora e dentro; mas é todo aconchegante, de luzes tênues, decorado com simplicidade e bom gosto. Uma pequena ilha no agitado bairro.
A cozinha, por seu turno, é atraente e reflete passagens da picotada trajetória de seu chef, Caio Henri Santos, pernambucano de 40 anos.
Ele começou a cozinhar em São Paulo, trabalhou como chef para executivos, passou por vários países da Europa. Em 1999, trabalhou no Carlota, em São Paulo.
Em 2001, foi para o Carlota do Rio de Janeiro e de lá para o Zazá Bistrô. Depois mudou-se para Goiás, onde abriu seu primeiro restaurante -o Capim Santo.
Em 2004, nova virada: foi comandar a cozinha do Palácio do Planalto, chefiando uma equipe de 68 pessoas e cuidando pessoalmente da alimentação do presidente Lula e de vários ministros.
Em 2007, de volta a Goiânia, montou o bistrô Le Chef e, depois, o Botequim do Chef. Na volta a São Paulo, no final do ano passado, começaram os planos do que se tornaria o Las Favas Contadas, uma sociedade com o advogado paulista José Henrique Manzatto, 39, que há muito sonhava em abrir algo na área de gastronomia.
A casa inaugurou em maio deste ano. Serve uma cozinha variada mas sempre delicada. Há um toque mediterrâneo sempre presente, principalmente de gosto italiano, pincelado por brasilidades ou influências asiáticas.
O couvert já revela a delicadeza -são tomates assados no azeite e manjericão (formando um caldo que pediria um pouco de pão, não apenas as sutis tostadas de alecrim). O tomate-cereja coprotagoniza a caldeirada de polvo, uma das entradas.
As massas puxam para a vocação italiana (espaguete com mexilhões à provençal; lasanha vegetariana com azeite de tartufo; tagliatelle de tinta de lula com frutos do mar no azeite de ervas).
Mas os peixes, no geral, brincam também com o Oriente: caso do camarão tempura com risoto crocante de Parma e do duo de linguado e camarão com julienne thai de legumes, maçã e purê de mandioquinha.
Bem executado e bastante "fusion", há também o robalo com banana-da-terra e berinjela assada e molho de manteiga queimada e cogumelo de Paris.
Entre as carnes, passeamos novamente entre Itália (caldeirada de rabada com polenta cremosa e shiitake) e Brasil (confit de pato ao molho de tucupi e tapioca com arroz de jambu -tudo ameno, mas presente). Mais Brasil na sobremesa: pudim de tapioca com molho de açaí.

josimar@basilico.com.br

LAS FAVAS CONTADAS  
ENDEREÇO r. Patizal, 72, Vila Madalena, tel. 0/xx/ 11/ 3815-7639
FUNCIONAMENTO ter. a sex., das 19h à 0h; sáb., das 13h às 17h e das 19h à 0h
AMBIENTE charmoso e acolhedor, dividido pelos espaços de uma antiga casa
SERVIÇO simpático, tranquilo
VINHOS oferta mediana, poderia ser melhor
CARTÕES V e M
ESTACIONAMENTO com manobrista, R$ 12
PREÇOS entradas, de R$ 22 a R$ 26; pratos principais, de R$ 28 a R$ 45; sobremesas, de R$ 6,50 a R$ 16


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