|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA RESTAURANTE
Las Favas tem menu atraente e plural
Casa é comandada pelo chef Caio Henri Santos, que já passou pela cozinha do Palácio do Planalto
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
A Vila Madalena, famosa
pelos bares e por lugares informais e juvenis, de um tempo para cá passou a abrigar
também endereços mais gastronômicos. O Las Favas
Contadas combina um pouco
dos dois: um espaço despojado e meio alternativo que serve boa comida.
Ali funcionou um bar, o
Tocador de Bolachas, e seu
espírito continua no ar: o
som do restaurante é alimentado por um toca-discos de
vinil, com clássicos da música brasileira.
O espaço é fracionado,
aproveitando uma antiga casa onde há mesas por diferentes ambientes, fora e dentro; mas é todo aconchegante, de luzes tênues, decorado
com simplicidade e bom gosto. Uma pequena ilha no agitado bairro.
A cozinha, por seu turno, é
atraente e reflete passagens
da picotada trajetória de seu
chef, Caio Henri Santos, pernambucano de 40 anos.
Ele começou a cozinhar
em São Paulo, trabalhou como chef para executivos,
passou por vários países da
Europa. Em 1999, trabalhou
no Carlota, em São Paulo.
Em 2001, foi para o Carlota
do Rio de Janeiro e de lá para
o Zazá Bistrô. Depois mudou-se para Goiás, onde abriu seu
primeiro restaurante -o Capim Santo.
Em 2004, nova virada: foi
comandar a cozinha do Palácio do Planalto, chefiando
uma equipe de 68 pessoas e
cuidando pessoalmente da
alimentação do presidente
Lula e de vários ministros.
Em 2007, de volta a Goiânia,
montou o bistrô Le Chef e, depois, o Botequim do Chef.
Na volta a São Paulo, no final do ano passado, começaram os planos do que se tornaria o Las Favas Contadas,
uma sociedade com o advogado paulista José Henrique
Manzatto, 39, que há muito
sonhava em abrir algo na
área de gastronomia.
A casa inaugurou em maio
deste ano. Serve uma cozinha variada mas sempre delicada. Há um toque mediterrâneo sempre presente, principalmente de gosto italiano,
pincelado por brasilidades
ou influências asiáticas.
O couvert já revela a delicadeza -são tomates assados no azeite e manjericão
(formando um caldo que pediria um pouco de pão, não
apenas as sutis tostadas de
alecrim). O tomate-cereja coprotagoniza a caldeirada de
polvo, uma das entradas.
As massas puxam para a
vocação italiana (espaguete
com mexilhões à provençal;
lasanha vegetariana com
azeite de tartufo; tagliatelle
de tinta de lula com frutos do
mar no azeite de ervas).
Mas os peixes, no geral,
brincam também com o
Oriente: caso do camarão
tempura com risoto crocante
de Parma e do duo de linguado e camarão com julienne
thai de legumes, maçã e purê
de mandioquinha.
Bem executado e bastante
"fusion", há também o robalo com banana-da-terra e berinjela assada e molho de
manteiga queimada e cogumelo de Paris.
Entre as carnes, passeamos novamente entre Itália
(caldeirada de rabada com
polenta cremosa e shiitake) e
Brasil (confit de pato ao molho de tucupi e tapioca com
arroz de jambu -tudo ameno, mas presente). Mais Brasil na sobremesa: pudim de
tapioca com molho de açaí.
josimar@basilico.com.br
LAS FAVAS CONTADAS
ENDEREÇO r. Patizal, 72,
Vila Madalena,
tel. 0/xx/ 11/ 3815-7639
FUNCIONAMENTO ter. a sex.,
das 19h à 0h; sáb., das 13h às
17h e das 19h à 0h
AMBIENTE charmoso e
acolhedor, dividido pelos
espaços de uma antiga casa
SERVIÇO simpático,
tranquilo
VINHOS oferta mediana,
poderia ser melhor
CARTÕES V e M
ESTACIONAMENTO com
manobrista, R$ 12
PREÇOS entradas, de R$ 22 a
R$ 26; pratos principais, de
R$ 28 a R$ 45; sobremesas,
de R$ 6,50 a R$ 16
Texto Anterior: Nina Horta: "Eu tomo uma Coca-Cola" Próximo Texto: Vinhos - Jorge Carrara: Chilena Viña Maipo aposta em rubros bem estruturados Índice
|