São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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Índia tenta driblar Bollywood em Festival

DA ENVIADA A VENEZA

A indústria de cinema da Índia é frequentemente citada como um dos casos de sucesso diante da dominação de Hollywood.
Como muita gente sabe, os indianos, mais do que de "Avatar" e "Harry Potter", gostam mesmo é dos filmes que Bollywood produz.
Mas, por trás da imensa produção de Bollywood, a Índia tem um cinema que, tal e qual o cinema de autor brasileiro, sofre para achar uma sala onde ser visto e para conseguir entrar num avião rumo a outros países.
Enquanto outros locais da Ásia, como China, Hong-Kong e Tailândia, têm nos grandes festivais de cinema do mundo uma vitrine privilegiada. A Índia, simplesmente, quase não se faz ver.
É essa também a sensação de dois dos mais importantes nomes do cinema indiano que, neste ano, estão no Festival de Veneza.
O diretor Mani Ratnam veio para o Lido para receber uma homenagem pela carreira. O prêmio, chamado Jaeger-LeCoultre, já foi dado para figuras como Abbas Kiarostami e Agnès Varda.
Ratnam teve seu novo filme, "Raavan", exibido, passou pelo tapete vermelho e subiu ao palco da Granda Sala, a mais importante de todas. Mas praticamente ninguém falou dele.
A outra indiana aqui presente é Nina Lath Gupta. Ela é integrante do júri do prêmio Luigi De Laurentiis, da categoria primeiro filme, e diretora do National Film Development de Mumbai, maior centro de produção de filmes de arte do país.
"Só estamos em festivais como jurados ou para receber homenagens", diz Gupta. "Pergunto-me por que isso acontece. Acho que Bollywood acomodou o cinema indiano. O sucesso dessa indústria limitou a criatividade de nossos diretores."
Bollywood, apesar de responder por 95% da bilheteria indiana, abarca só 25% da produção do país. O resto é feito com apoio estatal e tem dificuldades de distribuição.
"As pessoas, nos outros países, têm uma ideia às vezes errada do cinema indiano", diz Gupta. "Falar no cinema indiano é quase como falar em cinema europeu, tão diverso ele é entre si. Temos filmes feitos em mais de 25 línguas. Quem vê numa língua, não vê em outra."
E do cinema brasileiro, que ideia Gupta, tem? "Infelizmente, muito pouca." Algum filme que tenha visto recente que a tenha marcado? "Não consigo me lembrar dos nomes."


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