São Paulo, domingo, 09 de outubro de 2005
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Conduzida por Luiz Fernando Carvalho, microssérie "Hoje É Dia de Maria" chega à 2ª temporada Maestro da imaginação
ESTHER HAMBURGER ENVIADA ESPECIAL AO RIO Estréia na próxima terça-feira a segunda, e provavelmente última, temporada de "Hoje É Dia de Maria". A microssérie vem com novidades que prometem destaque no liqüidificador de imagens corriqueiras disponíveis no zapping televisivo. Maria encontra as franjas de um mar muito especial. "Hoje É Dia de Maria", dirigida por Luiz Fernando Carvalho, em desempenho especialmente feliz, é baseada no texto de Carlos Alberto Soffredini, que retrabalha contos populares coletados por gente como Câmara Cascudo, Sílvio Romero e Mário de Andrade. A rápida primeira temporada, que foi ao ar em janeiro, em tardios horários noturnos, chamou a atenção pelo visual diferente: a opção pela fábula, com elementos teatrais, capricho plástico, luz enevoada, colorido intenso e cenários artesanalmente construídos com sucata. Fantasia de Fellini com commedia dell'arte. A segunda temporada introduz personagens como Dom Chico Chicote (Rodrigo Santoro), alguém que encarna as dores do mundo em uma homenagem ao personagem de Cervantes. Cenários urbanos aludem a atualidades como a sombria perspectiva de guerra. Há ênfase na destruição, na ausência de identidade, na agressividade e na violência que aproximam o Rio do Iraque e da Bósnia, situando o Brasil em um triste panorama internacional. O trabalho resulta da reflexão de Carvalho sobre o excesso de glamourização na TV. Nesse sentido, é quase um manifesto (leia entrevista à pág. E3). Em suas palavras, "a idéia é estimular a imaginação, apostando na brincadeira, próxima ao teatro de marionetes, trabalhando num espaço em que toda infância incursionou". A produção de um trabalho artesanal no seio da indústria televisiva não se dá sem tensões. Delicadas máscaras, colagens, bonecos e pinturas criadas por uma equipe que inclui artistas plásticos como Raimundo Rodrigues -um dos criadores do Imaginário Periférico, coletivo que atualmente expõe na França- esbarra, por exemplo, no excesso de qualidade das câmeras digitais. "O desafio é manter o mistério, a ambigüidade, o diálogo entre o que você vê e o que não vê. O desafio é diminuir a alta definição." Esta temporada experimenta novo horário no sábado à noite, após a novela. A série é uma das raras realizações que demonstram que, quando as redes se dispõem a oferecer "biscoito fino", contam com a receptividade do público carente de bons desafios. Esther Hamburger viajou a convite da Rede Globo Texto Anterior: Novelas da semana Próximo Texto: "Hoje é dia de Maria": "TV deve ir além do comercial de sabonete" Índice |
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