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Crítica
O mundo é um inferno para Sam Peckinpah
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se há um cineasta do passado
que não teria lugar em nossos
dias, esse é Sam Peckinpah. Era
um gênio, mas os tempos atuais
exigem um cinema a que o fulano assista, pagando uma fortuna, depois de uma semana estafante: não quer ver nada que o
incomode.
E Peckinpah é incômodo, admitamos. Onde já se viu uma
história onde o cara anda, metade do filme, e outro tanto do
México, com uma cabeça dentro de um saco? Essa é, mais ou
menos, a história de "Tragam-Me a Cabeça de Alfredo Garcia" (TC Cult, 19h45).
Sam Peckinpah é, sabemos,
implacável. Mas talvez nunca
tenha sido tanto quanto aqui,
no trato de Bennie (Warren
Oates, notável), o sujeito que
dispõe-se a buscar a cabeça de
Alfredo Garcia em troca de
uma recompensa.
Ajuda se disser que Bennie
não mata Alfredo? Que Alfredo
já está morto quando começa a
ação? Em princípio, ajuda.
Mas, com o tempo, veremos
que não é bem assim: o mundo
para Peckinpah já é o inferno.
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