Músico, compositor e artista plástico suíço-brasileiro tem 90 peças reunidas

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos eixos musicais da "avant-garde na Bahia", como Antonio Risério chamou a geração que fez do Estado nos anos 50 e 60 um dos principais centros culturais brasileiros, o músico, compositor e artista plástico Anton Walter Smetak (1913-1984) ganha a primeira retrospectiva de grande porte, que chega hoje a São Paulo.
"Smetak Imprevisto" é aberta hoje para convidados no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), depois de passar pelo MAM baiano, e reúne 90 obras recentemente restauradas do suíço-brasileiro.
Desde a morte de Smetak, os objetos estavam armazenados na UFBA (Universidade Federal da Bahia) e na casa de familiares longe da condição ideal.
"O restauro de todo esse material faz com que a obra de Smetak se aproxime de gerações mais jovens. Como estava, ele se perderia rapidamente", diz Jasmin Pinho, uma das curadoras da exposição, junto do músico e produtor norte-americano Arto Lindsay. O restauro, catalogação e digitalização desse acervo foi bancado pelo projeto Natura Musical.
A mostra centra seu foco nas "plásticas sonoras" de Smetak, peças que misturam as funções de instrumento musical e de escultura, com as quais o músico tocava composições sonoras de vanguarda.
"Pode se dizer que Smetak é uma espécie de pai da música eletrônica no país", avalia a curadora. Na exposição, são exibidos alguns desses experimentos, com os quais ele, utilizando materiais encontrados na rua, desenvolvia suas composições.
Tais materiais descartados eram base da maioria de seus instrumentos. "A cabaça, por exemplo, era sempre usada como caixa acústica pois era um material banal encontrado em qualquer rua", conta Pinho.