São Paulo, quinta-feira, 09 de novembro de 2000

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RELÂMPAGOS
Promessa

JOÃO GILBERTO NOLL

No quarto do hotel, ao retirar a colcha atoalhada, tentou se acalmar. Apenas olhou o azul-turquesa, como se a cor naquela substância felpuda fosse uma superfície desconhecida, mais nobre, quem sabe, bem mais antiga que aquele pano seboso e enxovalhado, tocado sabe lá por quem antes que ele chegasse ali, naquela tarde chuvosa de um sábado mais morto que o habitual. Por que tinha chegado ao ponto de abstrair do espaço que lhe fora dado? Por que não suportava aquele tecido, se aquilo era o melhor que podia ter ali? Lembrou-se de alguém cujo nome não lhe vinha. Talvez precisasse apenas puxar a colcha para que sua memória pudesse se materializar sobre o lençol. Pois puxou-a. Do lençol encardido vinha o nome, enfim. E ele se deitou, como se ao encontro...


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