São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dois brasileiros analisam trabalhos do "bruxo"

DA REPORTAGEM LOCAL

Como muitos garotos e garotas, o primeiro contato de Valentim Facioli com Machado de Assis, ainda moleque, não foi de amor à primeira vista. Quando leu pela primeira vez "Memórias Póstumas de Brás Cubas", na quarta série, encontrou apenas "estranhamento e chateação". "A narrativa me pareceu chata, sem aventuras, sem guerras e batalhas, sem índios e o porcaria do personagem nem era heróico...", afirma.
Aos 60 anos, professor aposentado de literatura brasileira da Universidade de São Paulo, Facioli está finalmente acertando as contas com sua primeira leitura desse romance machadiano ao lançar "Um Defunto Estrambótico", ensaio sobre a primeira obra da santa trindade machadiana: "Memórias Póstumas..." (1881), antecessor de "Quincas Borba" (1891) e "Dom Casmurro" (1899).
Facioli faz uma autópsia detalhada do defunto Brás Cubas. O foco do trabalho está muito ligado à leitura primeira do romance, ou melhor, ao estranhamento que ele provoca. Por que o livro que começa com a célebre dedicatória "ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas" ainda causaria tanto estranhamento?
Para começar, o começo. Quais seriam as influências desse relato? O próprio Machado dá pistas no livro, ao citar os escritores do século 18 Laurence Sterne e Xavier de Maistre, mestres no uso do fantástico, do "mundo às avessas" sobre o qual fala Shakespeare em "Timão de Atenas" -leitura com a qual Facioli diz ter começado a entrar no universo de Brás Cubas.
O professor também participa de outro lançamento sobre o escritor de Cosme Velho. É ele quem apresenta "Estratégias e Máscaras de um Fingidor", trabalho de Dilson F. Cruz Jr.
No livro, lançado pela mesma editora de "Um Defunto Estrambótico", a Nankin Editorial, em parceria com o selo Humanitas e com a Fapesp, o pesquisador analisa as crônicas machadianas.
Machado colaborou com a imprensa desde os 16 anos até o adiantado da vida, mas é nos textos feitos para "A Semana" de abril de 1892 a dezembro de 1893 que se concentra Cruz. (CEM)


UM DEFUNTO ESTRAMBÓTICO. De: Valentim Facioli. Editora: Nankin. Quanto: R$ 15 (168 págs.).
ESTRATÉGIAS E MÁSCARAS DE UM FINGIDOR. De: Dilson F. Cruz Jr. Editora: Nankin. Quanto: R$ 22 (238 págs.).




Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Na rede: Paulo Coelho coloca obras de graça na web
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.