São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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NA REDE

Para autor, vendas não cairão

Paulo Coelho coloca obras de graça na web

DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Coelho, agora em versão gratuita. O maior best-seller da literatura brasileira (53 milhões de exemplares em 150 países) decidiu oferecer seus livros de graça, pela internet. Para ele e sua atual editora, a Rocco, isso não afetará a venda das obras. Já a Objetiva, que possui quatro livros de Coelho em catálogo, não faz comentários sobre o projeto.
Por qual razão Paulo Coelho resolveu tomar essa decisão? "Muitos pedidos de livros grátis no Brasil [bibliotecas] e em diversas partes do mundo; brasileiros que não conseguem ter acesso aos livros", disse o autor, da Alemanha.
No endereço www.paulocoelho.com estão disponíveis: "O Diário de um Mago", "O Alquimista", "Brida", "As Valkírias", "Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei", "Monte Cinco", "O Manual do Guerreiro da Luz", "Veronika Decide Morrer" e "O Demônio e a Srta. Prym".
Há ainda suas colunas para jornais, adaptações de outros autores e um discurso feito na Academia Brasileira de Letras -onde Coelho tomou posse da cadeira 21, no final do último mês. Um pequeno texto avisa aos leitores que os livros podem ser impressos (por meio de um "down-load"), mas não vendidos.
A notícia da gratuidade de Paulo Coelho chegou ao mercado logo após ter ele anunciado estar deixando a editora Objetiva para retornar à casa de edição de seu início de carreira, a Rocco.
Procurada pela Folha, a direção da Objetiva não respondeu aos pedidos para que se posicionasse sobre o fato de obras de Coelho estarem disponíveis gratuitamente. Já Paulo Rocco, que, além de dirigir a editora que leva seu nome, é presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), disse não acreditar em uma alteração nas vendas.
"Acho que o projeto cumpre um papel social, um papel que cabe também aos editores", afirmou Rocco. "E, na verdade, acho que isso terminará sendo um bom negócio para todos. Os leitores que não tiverem condições de comprar o livro poderão lê-lo na internet. Mas muitas pessoas conhecerão os títulos por esse meio. É uma forma de divulgação."
A experiência de Paulo Coelho parece confirmar a tese. Ele havia feito o mesmo uso da internet na Rússia e com a versão de "O Alquimista" em espanhol. "Em nenhum lugar do mundo as vendas normais decaíram", diz Coelho. "O livro físico ainda continua mantendo sua magia." (MR)


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