|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA CULTURAL
Prefeita tem 12 dias para sancionar ou vetar Centro de Cinema, elaborado pela Câmara de São Paulo
Sem recursos, SP cria fundação para cinema
DA REPORTAGEM LOCAL
A comunidade cinematográfica
paulistana recebeu com otimismo
o decreto de criação da Fundação
Centro de Cinema do Município
de São Paulo (Cecim), que tem 12
dias para ser sancionado ou não
pela prefeita Marta Suplicy.
Segundo o vereador Vicente
Cândido, o projeto prevê um orçamento de R$ 6 milhões para o
cinema paulistano em 2003. De
acordo com ele, a verba ideal seria
de R$ 10 milhões.
Entretanto, a vinda de recursos
para o Cecim poderá ser dificultada devido a problemas financeiros por que passa a Prefeitura de
São Paulo, com 13% de sua arrecadação comprometida com a dívida existente com a União.
Cândido reconhece que "haverá
problemas". "Mas vamos conversar com a administração municipal e tentaremos novas fontes de
recursos provenientes de taxas
sobre bingos e do ISS (Imposto
sobre Serviços)."
Cândido diz acreditar que não
ocorrerá veto da prefeita. "O [secretário da Cultura] Marco Aurélio Garcia é simpático à idéia e a
proposta foi compromisso de
campanha de Marta."
"Acho excelente a criação da
fundação, porque dentro da própria Secretaria de Cultura passará
a haver um desenvolvimento direcionado ao setor de cinema",
afirma o exibidor e distribuidor
Adhemar de Oliveira, do Unibando Arteplex.
"É uma iniciativa mais do que
tardia, se levarmos em consideração que o Rio de Janeiro tem a
Riofilme já há mais de dez anos. É
inconcebível que uma cidade como São Paulo não tenha um organismo de fomento desse tipo",
concorda o cineasta Alain Fresnot, que participou do início da
articulação do Cecim.
Fresnot diz que a possível instituição da fundação não aponta
para o paternalismo estatal: "Essa
é uma falsa questão. Todos os cinemas do mundo, exceto o norte-americano, só sobrevivem se houver intervenção estatal. A indústria automobilística brasileira não
existiria se o Estado a tivesse deixado ao léu".
No núcleo da articulação do Cecim estão o diretor e distribuidor
André Sturm e a diretora Raquel
Monteiro. Ela adota cautela no
atual momento:
"Estamos nessa briga há muito
tempo, este é um momento delicado. O projeto foi aprovado em
segunda instância na Câmara,
agora o executivo tem de sancionar. Pretendemos agora institucionalizar o papel do cinema no
âmbito municipal. Estávamos
com o cinema muito abandonado
em São Paulo".
Embora o exemplo da Riofilme
seja citado em todos os depoimentos, já há também a preocupação de ressaltar as diferenças
entre a empresa privada carioca e
a fundação paulista. "Não é copiar
um modelo existente, mas adequá-lo à nossa realidade. São Paulo é uma cidade muito maior, com
mais áreas carentes", diz Oliveira.
O projeto de lei que autoriza a
criação da Cecim, além de financiar a produção de filmes, prevê a
construção de salas de cinema em
diferentes pontos de São Paulo,
auxílio na distribuição dos longas
em território nacional e apoio financeiro para a participação dos
filmes em festivais e mostras no
Brasil e no exterior.
Texto Anterior: "A Ponte e a Água da Piscina" Villela se reconcilia com a delicadeza Próximo Texto: José Simão Índice
|