São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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POLÍTICA CULTURAL

Prefeita tem 12 dias para sancionar ou vetar Centro de Cinema, elaborado pela Câmara de São Paulo

Sem recursos, SP cria fundação para cinema

DA REPORTAGEM LOCAL

A comunidade cinematográfica paulistana recebeu com otimismo o decreto de criação da Fundação Centro de Cinema do Município de São Paulo (Cecim), que tem 12 dias para ser sancionado ou não pela prefeita Marta Suplicy.
Segundo o vereador Vicente Cândido, o projeto prevê um orçamento de R$ 6 milhões para o cinema paulistano em 2003. De acordo com ele, a verba ideal seria de R$ 10 milhões.
Entretanto, a vinda de recursos para o Cecim poderá ser dificultada devido a problemas financeiros por que passa a Prefeitura de São Paulo, com 13% de sua arrecadação comprometida com a dívida existente com a União.
Cândido reconhece que "haverá problemas". "Mas vamos conversar com a administração municipal e tentaremos novas fontes de recursos provenientes de taxas sobre bingos e do ISS (Imposto sobre Serviços)."
Cândido diz acreditar que não ocorrerá veto da prefeita. "O [secretário da Cultura] Marco Aurélio Garcia é simpático à idéia e a proposta foi compromisso de campanha de Marta."
"Acho excelente a criação da fundação, porque dentro da própria Secretaria de Cultura passará a haver um desenvolvimento direcionado ao setor de cinema", afirma o exibidor e distribuidor Adhemar de Oliveira, do Unibando Arteplex.
"É uma iniciativa mais do que tardia, se levarmos em consideração que o Rio de Janeiro tem a Riofilme já há mais de dez anos. É inconcebível que uma cidade como São Paulo não tenha um organismo de fomento desse tipo", concorda o cineasta Alain Fresnot, que participou do início da articulação do Cecim.
Fresnot diz que a possível instituição da fundação não aponta para o paternalismo estatal: "Essa é uma falsa questão. Todos os cinemas do mundo, exceto o norte-americano, só sobrevivem se houver intervenção estatal. A indústria automobilística brasileira não existiria se o Estado a tivesse deixado ao léu".
No núcleo da articulação do Cecim estão o diretor e distribuidor André Sturm e a diretora Raquel Monteiro. Ela adota cautela no atual momento:
"Estamos nessa briga há muito tempo, este é um momento delicado. O projeto foi aprovado em segunda instância na Câmara, agora o executivo tem de sancionar. Pretendemos agora institucionalizar o papel do cinema no âmbito municipal. Estávamos com o cinema muito abandonado em São Paulo".
Embora o exemplo da Riofilme seja citado em todos os depoimentos, já há também a preocupação de ressaltar as diferenças entre a empresa privada carioca e a fundação paulista. "Não é copiar um modelo existente, mas adequá-lo à nossa realidade. São Paulo é uma cidade muito maior, com mais áreas carentes", diz Oliveira.
O projeto de lei que autoriza a criação da Cecim, além de financiar a produção de filmes, prevê a construção de salas de cinema em diferentes pontos de São Paulo, auxílio na distribuição dos longas em território nacional e apoio financeiro para a participação dos filmes em festivais e mostras no Brasil e no exterior.


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