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Comida
Pão, pão, pão...
Restaurantes paulistanos investem na produção artersanal dos pães servidos no couvert; feitos em pequena escala, eles são mais frescos e caprichados que os comprados em padarias
RACHEL BOTELHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quentinho, perfumado, macio ou crocante, doce ou salgado, com ou sem recheio. O que a
humanidade sabe há milênios,
restaurantes paulistanos começaram a descobrir recentemente: pão feito em "casa", saboroso na sua simplicidade, é
irresistível. Produzidos artesanalmente na cozinha de restaurantes como Praça São Lourenço e A Figueira Rubayiat, entre
outros, pães variados e recém-saídos do forno aguçam o paladar antes mesmo de a refeição
começar.
Com especialização em panificação pelo conceituado
French Culinary Institute de
Nova York, o chef Renato Lopes, do Fillipa, lembra que cinco anos atrás era difícil encontrar restaurantes brasileiros
que produzissem seus próprios
pães. "No Canadá, ao contrário,
todos fazem, assim como é tradição na Europa", afirma.
Ao voltar do curso, Lopes colocou seus conhecimentos em
prática no Mestiço, onde trabalhava na época. "Começamos
fazendo os pães dos sanduíches. Quando o Fillipa abriu,
em 2005, montamos toda a estrutura aqui." Para Ina de
Abreu, sócia dos dois restaurantes, trata-se de um atrativo
importante. "Oferecemos diariamente pães frescos e diferentes. Como a escala é pequena, dá para caprichar mais e fazer receitas mais elaboradas
que nas padarias", afirma. Os
mais entusiasmados também
podem comprar os pães e levar
para casa.
O farto e variado couvert do
Fillipa inclui pão integral, focaccia de cebola, minisírio,
brioche, pão de festa, ciabatta
ou baguete, pão de nozes e de figo. Os dois últimos são produzidos com o fermento natural
da casa. "Na Europa, cada padaria tem seu fermento, muitos
com 40, 50 anos de idade. Sua
base são os lactobacilos misturados com água, farinha e algo
que contenha açúcar, como
mel, cana ou figo. É ele o responsável por aquela casca dos
pães rústicos e pela complexidade do sabor", explica Lopes.
No restaurante Praça São
Lourenço, o diferencial está no
forno a lenha. "Todos os pães
são preparados ali. O pão de
queijo e o pão-folha, por exemplo, pegam um sabor muito diferente daqueles feitos no forno comum porque passam por
um processo de defumação",
explica o chef Piero Gaspari. No
bufê do almoço e no couvert do
jantar, os clientes podem provar também pão de ervas, de tomate seco, de gergelim, de papoula, de castanha-de-caju e o
palito de parmesão. "As pessoas se entopem de pão e acabam pulando a entrada", diz.
O Prêt-a-Manger foi um dos
primeiros a apostar nos encantos desse alimento. Desde que
abriu as portas, em 1999, a proprietária Beatriz Araújo prepara uma receita que se tornou hit
da casa -e cuja origem se perdeu com os anos.
"É quase uma focaccia, mas
não tem cobertura. Os clientes
gostam tanto dele assim que eu
não quis mexer", explica. "É
uma loucura o que sai de pão.
Tem dias em que sete fornadas
não são suficientes."
No A Figueira Rubaiyat, o ritual se repete duas vezes ao dia.
Entre as oito opções do couvert, o grande astro atende por
reganha, uma receita de origem
espanhola que já se tornou
marca registrada da casa. "Ele
estufa quando assa, parecendo
um pastel. Fica crocante, mas é
uma massa light, sem gordura
nenhuma", afirma o padeiro
Antonio Carlos dos Santos. Ao
lado do pão de milho e o de papoula, é um dos mais cobiçados.
FILLIPA
r.Antunes, 260, Jardim Paulistano,
tel. 0/xx/11/3083-3868
PRAÇA SÃO LOURENÇO
r. Casa do Ator, 608, Vila Olímpia,
tel. 0/xx/11/3044-1434
PRÊT-À-MANGER
r. Bela Cintra, 2.375, Jardim
Paulista, tel. 0/xx/11/3085-8544
A FIGUEIRA RUBAIYAT
r. Haddock Lobo, 1.738, Jardins, tel.
0/xx/11/3063-3888
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