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Negativos do filme "A Praga" foram encontrados no lixo 27 anos depois
EDITOR DO FOLHATEEN
"A Praga" esperou 27 anos
para ver a luz do projetor e terá
suas primeiras exibições públicas nas duas aberturas da mostra: hoje na Cinemateca, às
20h30, para convidados, e amanhã no CCBB, às 18h30, para o
público. Os eventos contarão
com a presença dos cineastas
José Mojica Marins, que filmou
o média-metragem de forma
caseira em Super-8 em 1980, e
Eugênio Puppo, produtor da
mostra e responsável por finalizar essa obra.
Conta a história de um jovem
casal que tem a vida mudada
após o rapaz receber uma praga
de uma bruxa velha. A velha é
interpretada por Wanda Kosmo,
que morreu este ano e a quem o
filme é dedicado.
"A Praga" transpira Brasil
por todos os poros", escreve
Carlos Reichenbach no texto
de apresentação. Sim, há rodas
de macumba e susperstições
caboclas, mas são os rostos dos
figurantes (escalados em suas
aulas de interpretação) que saltam da tela. São tão comuns
que só podem ser vistos nos filmes incomuns de Mojica.
Leitura labial
Para finalizar o média de
uma hora, a equipe de Puppo
filmou cenas adicionais (também em Super-8) e montou o
material após encontrar os negativos num saco de lixo, num
canto do escritório de Mojica.
Trilha sonora e créditos foram
adicionados.
Como não havia som original
nem transcrição dos diálogos,
recorreu-se aos serviços de
uma deficiente auditiva, que
fez a leitura labial das cenas. A
partir daí, o filme foi dublado.
Imagens dos pesadelos dos
personagens foram capturados
em outros filmes de Mojica, como "À Meia-Noite Levarei Sua
Alma", de 1964, e "Esta Noite
Encarnarei no Teu Cadáver",
de 1967.
Também foram usadas cenas
de uma de suas aulas, registradas na mesma época da filmagem. O resultado é surpreendente. Sofisticado, sem deixar
de ser primitivo.
A intenção de Puppo é lançar
o filme comercialmente em
meados do ano que vem.
(IF)
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