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Crítica
Último volume da série retoma encanto do início
BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA
J. K. Rowling acaba bem
a história que começou dez anos atrás.
"Harry Potter e as Relíquias da
Morte", o sétimo (e último) volume sobre o menino órfão que
se descobre o bruxo predestinado a ser o principal combatente do mal, amarra várias
pontas soltas numa aventura
sombria e sangrenta.
É uma bela despedida para o
gigantesco e fidelíssimo leitorado arrebanhado por Rowling
desde que foi lançado o primeiro e despretensioso livro,
"Harry Potter e a Pedra Filosofal" em 1997 na Inglaterra (e
em 2000 no Brasil). A escritora
resolve uma série de pistas e
mistérios semeados desde o
primeiro volume.
Único da série que não se
passa ao longo do ano letivo em
Hogwarts, a escola de magia
cheia de fantasmas e depositária de segredos do mundo das
bruxas, este último volume recupera um certo brilho inicial,
que havia sido perdido em "A
Ordem da Fênix" e "O Enigma
do Príncipe".
Naqueles, à medida que o enfrentamento com Voldemort
torna-se mais perigoso e acirrado e Harry transforma-se em
um personagem mais torturado, o frescor narrativo dos primeiros quatro volumes, sempre plenos de novidades e humor, dá lugar a mergulhos psicológicos canhestros em uma
linguagem parecida com as dos
best-sellers adultos.
Em "As Relíquias da Morte",
Harry acerta as contas com
suas hesitações e, ao mesmo
tempo, apazigua as várias figuras paternas substitutas -Alvo
Dumbledore, Sirius Black e,
mesmo, Severo Snape, com o
perdão do semi-spoiler. Embora a ação demore cem primeiras páginas para engrenar, as
viagens do trio de amigos, plenas de perigos e mistérios, retomam o encantamento dos primeiros livros, agora em tom
mais dramático.
Ao mesmo tempo em que o
volume remete à renúncia de
Harry ao papel de herói, também marca o encerramento
desse fenômeno de leitura. Se a
escritora não cair na tentação
de voltar a Harry, terá criado
um dos mais queridos personagens da literatura mundial. O
que não é pouco.
Avaliação: bom
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