São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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Crítica

Último volume da série retoma encanto do início

BIA ABRAMO
COLUNISTA DA FOLHA

J. K. Rowling acaba bem a história que começou dez anos atrás. "Harry Potter e as Relíquias da Morte", o sétimo (e último) volume sobre o menino órfão que se descobre o bruxo predestinado a ser o principal combatente do mal, amarra várias pontas soltas numa aventura sombria e sangrenta.
É uma bela despedida para o gigantesco e fidelíssimo leitorado arrebanhado por Rowling desde que foi lançado o primeiro e despretensioso livro, "Harry Potter e a Pedra Filosofal" em 1997 na Inglaterra (e em 2000 no Brasil). A escritora resolve uma série de pistas e mistérios semeados desde o primeiro volume.
Único da série que não se passa ao longo do ano letivo em Hogwarts, a escola de magia cheia de fantasmas e depositária de segredos do mundo das bruxas, este último volume recupera um certo brilho inicial, que havia sido perdido em "A Ordem da Fênix" e "O Enigma do Príncipe".
Naqueles, à medida que o enfrentamento com Voldemort torna-se mais perigoso e acirrado e Harry transforma-se em um personagem mais torturado, o frescor narrativo dos primeiros quatro volumes, sempre plenos de novidades e humor, dá lugar a mergulhos psicológicos canhestros em uma linguagem parecida com as dos best-sellers adultos.
Em "As Relíquias da Morte", Harry acerta as contas com suas hesitações e, ao mesmo tempo, apazigua as várias figuras paternas substitutas -Alvo Dumbledore, Sirius Black e, mesmo, Severo Snape, com o perdão do semi-spoiler. Embora a ação demore cem primeiras páginas para engrenar, as viagens do trio de amigos, plenas de perigos e mistérios, retomam o encantamento dos primeiros livros, agora em tom mais dramático.
Ao mesmo tempo em que o volume remete à renúncia de Harry ao papel de herói, também marca o encerramento desse fenômeno de leitura. Se a escritora não cair na tentação de voltar a Harry, terá criado um dos mais queridos personagens da literatura mundial. O que não é pouco.


Avaliação: bom

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