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Mônica Bergamo
bergamo@folhasp.com.br
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
CANTORAS de bolso
Elas fazem sucesso se apresentando para platéias seletas e sonham com o dia em que serão descobertas pela multidão
Eder Medeiros/Folha Imagem
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Anna Gelinskas faz estilo cabaré no palco
Anna Gelinskas chega ao restaurante Capim Santo, nos Jardins, de vestido, meia-calça e
sapatos de salto pretos. Tira um
CD da bolsa. "Vai cantar uma
ou duas músicas?", pergunta
Junior Alexandre, coordenador de eventos do local. "Hoje
eu trouxe três. Duas no estilo
cabaré e uma mais
"Aãããuuunnn!!", mais pop", responde a cantora, uma das mais
requisitadas no mercado de
pocket shows (em tradução literal, "shows de bolso"): apresentações curtas em festas badaladas, num circuito que vai
de casamentos a desfiles.
A loura de 29 anos, 100 cm de
busto e 11 tatuagens foi contratada para cantar no aniversário
de Adriana Drigo, uma das sócias do Capim Santo. "Fiz uma
festa deles no ano passado. Hoje, pediram um pocketzinho
mais simples, com microfone e
playback pré-gravado, coisa rápida", diz. "Mas tenho vários
produtos, com big band, quarteto." Para o pocket com playback, Ana cobra entre R$ 1.000
e R$ 1.500. O valor sobe de
acordo com o formato da apresentação, mas não é fixo. "Um
amigo já pagou R$ 30 mil para
eu cantar uma música."
Versão VIP das apresentações em barzinhos dos anos 80
e 90, o pocket show é, muitas
vezes, a plataforma para vôos
mais altos -ou para tornar
mais conhecido o nome da cantora. Com 45 anos de idade e 24
de palco, Izzy Gordon apareceu
em jornais e revistas em 2006,
quando foi contratada para fazer um show particular de MPB
para o cantor Bono, do U2.
Na época, ela já tinha até gravado o disco "Aos Mestres com
Carinho", em homenagem a
sua tia, a cantora Dolores Duran. "Um dos diretores do
Hyatt [local da apresentação]
ouviu o CD e me contratou para
esse show", diz ela, que teve
medo de perder a voz diante do
astro. "Eu ainda estava testando o som quando ele entrou,
batendo palmas. E ainda trouxe
o [produtor] Quincy Jones de
braço dado com ele!" Izzy lembra que cantou "pisando em
ovos", mas, no final, fez até um
dueto com Bono, em "I've Got
You Under My Skin". E ganhou
dele uma garrafa de champanhe, para brindarem ao show.
Rápido no gatilho, o marido e
produtor de Izzy, Edu Silva,
reajustou o cachê da moça em
50% depois disso. Hoje, ela cobra cerca de R$ 3.000 para uma
participação "de duas, três músicas" no show de outro artista
e R$ 7.000, em média, para as
próprias apresentações. Na lista de clientes, empresas como
Honda e Pfizer e uma trilha incidental para a Citroën, interpretando a música "At Last" no
comercial de carro estrelado
pelo ator Kiefer Sutherland.
Também já cantou na casa de
Ana Paula Padrão e, recentemente, no casamento da jornalista Rosana Jatobá, da Globo.
Antes da entrevista, Izzy folheava um exemplar da revista
"Caras", em busca de fotos suas
em algum evento.
A curitibana Geanine Marques, 36, entrou no mercado de
pocket shows quando veio para
São Paulo, no início dos anos
90. Os sete integrantes de sua
banda se dispersaram e ela teve
que se adaptar à carreira solo.
Com a ajuda do produtor George Freire, montou um repertório de "jazzinho e bossa nova
para eventos".
Mais conhecida como "musa
de Alexandre Herchcovitch",
pelas participações nos desfiles
do estilista, ela diz que "sempre
quis cantar" e que "a moda é
que apareceu por acaso". Em
1994, na fase pré-São Paulo
Fashion Week, foi chamada por
Paulo Borges para subir às passarelas de Herchcovitch e de
Walter Rodrigues. "Aí não deixei mais de fazer."
O repertório mudou de lá para cá -desde novembro de
2007, ela é vocalista da banda
Stop Play Moon, de música eletrônica-, mas Geanine continua requisitada pelos descolados. No mês passado, cantou
após os desfiles de um evento
de moda em Curitiba e abriu as
apresentações da dupla belga
Vive la Fête em SP e no Rio. No
final de setembro, tocou no coquetel de lançamento do iPhone da Vivo -aquela festa em
que famosos da música e da TV
fizeram fila para tentar ganhar
o aparelho. "Prefiro minha parte em dinheiro", diz.
Dinheiro, em alguns casos,
não é preocupação. Filha do
empresário francês Alain Aouizerate e de Fernanda Sodré,
headhunter de moda, Lorrah
Wizz, 19, mora no Jardim Europa em uma casa com três carros na garagem e onde a empregada trabalha de uniforme. Ela
nasceu em Paris, veio para SP
com poucos meses de vida e
morou dos oito aos 16 anos na
França, onde começou a estudar canto lírico e a se apresentar em eventos de amigos. Na
volta ao Brasil, entrou no circuito de bares e passou a ser
chamada para festas fechadas.
Fluente em inglês e francês,
Lorrah se especializou no repertório de Edith Piaf e Billie
Holiday. Além de clubes de
jazz, já subiu ao palco em eventos da Daslu, da Bulgari e do
joalheiro Pedro Brando, com
cachê médio de R$ 6.000. "Faço também missa de sétimo dia
e casamento, mas só quando
conheço os noivos", diz. "Casamento por casamento eu não
gosto, porque é como botar um
CD para tocar. Olho ao redor e
ninguém está me vendo. Não
tem nada pior. A gente tem que
cantar alto, para chamar a atenção." Lorrah está dando um
tempo: foi fazer cursos de arte
dramática na França -ela também é atriz, assim como Anna
Gelinskas e Bibba Chuqui, que
está em cartaz em SP com o
musical infantil "Peter Pan".
Bibba, 40, chegou a aparecer
na TV entre 2003 e 2004, como
caloura do "Programa Raul
Gil", mas já tinha no currículo
peças como "Bacantes", no teatro Oficina, e contatos na noite.
"Fiz a inauguração da casa da
Cláudia Raia e do Celulari e o
casamento do Roberto Justus
com a Adriane Galisteu", diz,
abrindo uma lista que também
inclui empresas como a Natura
e a agência Y&R.
No futuro das cantoras, além
da temporada de fim de ano
-quando fazem até três eventos por dia-, vários projetos.
Izzy Gordon vai gravar o segundo disco em breve. Incentivada
por Ana Cañas, que ficou conhecida nos pockets antes de
lançar o elogiado álbum "Amor
e Caos", Bibba também quer o
seu. Mas as festas fechadas continuarão na agenda. "Se Deus
quiser, vou fazer pocket até
quando for bem famosa", diz
Anna Gelinskas. "Aí é que vou
ganhar dinheiro mesmo."
Frases
"Faço casamento,
mas só quando conheço os noivos. É como botar um CD para tocar.
Olho ao redor e ninguém está me vendo.
Não tem nada pior"
LORRAH WIZZ
cantora
"Se Deus quiser,
vou fazer pocket até
quando for bem famosa. Aí é que vou ganhar
dinheiro mesmo"
ANNA GELINSKAS
cantora
Reportagem DIÓGENES CAMPANHA
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